sábado, 15 de dezembro de 2007

Na terra de D. Laurinda


Estranha mistura esta a de Macau, sentimos simultâneamente o aconchego de casa e o exotismo da Ásia. Talvez por viver na Ásia vai para dois anos já não sou tão sensível ao exotismo e portanto os rostos de Macau sorriram-me mais Portugueses do que poderiam parecer... Principalmente o de Laurinda, que dá rosto à foto com que ilustro este post!

A minha passagem por Macau deu-se durante um fim de semana de Novembro, na sequência da visita a Hong Kong em Novembro. Foram apenas dois dias, mas com pouco sono e muito palmilhanço, que terminaram com o regresso a Hong Kong da mesma maneira em que cheguei: embarcado no super-rápido jet-foil que faz a ligação entre as duas Regiões Administrativas Especiais da China. No final tinha as pilhas bem embaixo mas a alma bem alimentada de imagens e de pessoas. Macau preencheu bem as minhas expectativas, com o prazer de ver tanta de Luso num local tão Asiático... Ver a minha Língua um pouco por todo o lado, desde a toponímia dos edifícios e ruas aos nomes das lojas e outros negócios, caminhar sobre calçada portuguesa ou beber uma Sagres ao almoço, empurrando uma espécie de carne de porco à alentejana, soube-me maravilhosamente bem.

Os Macaenses disfarçam bem mas fiquei com a sensação que o número daqueles de etnia chinesa que falam Português são mais do que eu pensaria. Claro que os taxistas não falam nada, nem Português, nem Mandarim, nem Inglês, provávelmente se lhes falaram em Cantonês também não percebem, só para ver se nos levam a dar a volta ao bilhar grande! Bem, vamos às imagens da Macau ensolarada e fresquinha (temperatura pelos 20 e poucos) que conheci em Novembro de 2007. Publiquei dois albuns no Picasa, um com imagens da cidade, outro com as pessoas e aspectos das suas vidas.

sábado, 1 de dezembro de 2007

Casa!


Estou de volta. Apesar das inúmeras vezes que cheguei a Lisboa vindo de Norte, sobrevoando o rio em Belém, dando a volta ao largo da Costa da Caparica e reentrando na cidade com a ponte 25 de Abril aos meus pés, não me canso... Adoro a minha cidade. Adoro a luz, os cheiros, a familiaridade de tudo o que me rodeia. E adoro os meus com quem volto a estar, a rir, a partilhar este nosso espaço em comum.

Cheguei no dia 28 de Novembro, voando de Singapura para Lisboa via Frankfurt na Lufthansa, junto com dois Anjos da Guarda que muito contribuiram para que eu conseguisse chegar ao meu destino com toda a bagagem... Os meus amigos J. Vespa e A. Branca (acho que estes nomes lhes assentam bem, não sei porquê...), viajando em Executiva (eu raramente o faço apenas porque é contra a minha religião, claro) salvaram-me por duas vezes. Primeiro foi o J. no check in, juntando ao meu sorriso o seu cartão gold da Lufthansa de forma a convencer a senhora ao balcão a não me cobrar excesso de bagagem. Como saí de Singapura com uns maciços 48 Kg de tralha, provávelmente teria que hipotecar de novo a casa de Lisboa para pagar a conta! Mais tarde, já a bordo e esperando que o avião iniciasse a sua viagem, uma hospedeira estava sem eu saber a tentar mandar borda fora dois russos bêbados que foram proíbidos de voar dado o seu estado clínico, juntamente com a minha mala de cabine com 15 Kg de posses valiosas que erradamente alguém pensou pertencerem aos Russos! Eu já tinha mergulhado na música do meu iPod e estava literalmente a Leste quando a A. Branca me apareceu, agarrando a hospedeira que trazia a minha mala por um braço e perguntando-me se aquela era a minha mala. Pois que sim, claro, disse eu, é a minha mala! A hospedeira lá pediu desculpa e arrumou a dita cuja algures perto de mim. Só 12 horas depois, em Frankfurt, é que os meus amigos me disseram que viram a mala passar à frente deles, repararam na etiqueta e placaram a hospedeira antes da minha bagagem ser despejada do voo!

Mas tudo está bem quando acaba bem, o aeroporto da Portela estava sossegado, em Lisboa o sol tem brilhado (que saudades que eu tinha de ver um céu 100% azul!), a comida portuguesa continua excelente, enfim: viva Portugal!

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Um Natal de manga curta


E lá estava eu, atravancando a passadeira que cruza a Orchard Road no cruzamento com a Scotts Road, em Singapura, para tirar esta foto. Se há ponto G do diabólico consumismo de Singapura é precisamente este cruzamento... Claro que o Natal já está em grande, como podem ver pelas iluminações da Orchard Road, considerada a rua com maior quantidade e densidade de centros comerciais no mundo, quilómetros de Pradas, Rolexes, Armanis, luxuosamente distríbuidos por dezenas de shoppings enormes. Um festim... Se tiver paciência talvez ponha online um album de fotos deste passseio de uma hora ontem à noite no coração da cidade.

Rapidinha: a incrívelmente internacional Caldeirada a la Asteróide

Uma moça filipina acabou de me telefonar, a mim, inveterado nabo culinário, para eu lhe dar a minha receita de caldeirada. Empregada como “made” numa casa de família chinesa toda a semana, quer cozinhar o meu prato esta noite para os seus patrões chineses... Meu Deus, é a minha coroa de glória!

Este é o único prato de minha invenção (é uma caldeirada sui generis...) e de facto consigo servi-lo para geral satisfação e aprovação dos raros convivas que já o provaram (eu sozinho em casa, por exemplo, como terapia no final dos dias mais acelerados, ou a minha cara metade e os meus miúdos quando de 3 em 3 meses estamos juntos!). Num famoso convivio tuga aqui em Singapura há uns meses, no Les Chameaux Bar, a minha caldeirada aguentou estoicamente o embate com uma feijoada maravilhosamente confeccionada por um casal de amigos aqui também desterrados e toda a malta gostou (venham de lá os comentários ao post, ó companheiros tugas de Singapura, sempre quero ver se andam a ler isto...).

Estou mesmo orgulhoso... Bem, orgulho à parte, não esqueci que ainda vos devo o relato das minhas andanças em Macau. Espero conseguir pôr-me em dia até ao final do fim de semana... Até porque para a semana volto a voar de encontro a mais um destino exótico!

A foto: a caldeirada à Singapurense em 2019, ainda vivinha da Silva.



segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Hong Kong, último episódio...


Já sei, estou a abusar de Hong Kong... Mas este é o post definitivo sobre Gothan City, prometo! E que é ilustrado pelo álbum de fotos mais completo, pelo que os que tiverem paciência podem finalmente passar das impressões laterais para uma ideia mais abrangente da cidade.

Para nos movermos mais rápido em Hong Kong há que palmilhá-la cá por baixo, a norte, nunca muito afastado do Victoria Harbor, a costa virada para Kowloon. É nessa franja que se concentram os maiores arranha céus, os centros comerciais e as principais artérias por onde se pode rápidamente navegar no eixo Leste - Oeste, apanhando o tram, o metro (a Island Line, que não experimentei) ou a pé. Uma alternativa também fácil é caminhar de edifício em edifício com um certo desafogo usando as passadeiras superiores que os unem, apanhando às vezes os passeios cá embaixo quando a vista vale a pena. Mas para "mergulhar" devidamente em Hong Kong há que penetrar para Sul, logo que chegamos à vertical de uma zona que vale a pena explorar. Para Sul a cidade sobe e adensa-se em ruas estreitas, cobertas de cartazes e anúncios, de lojas, de venda ambulante em muitos zonas, de bares e restaurantes noutras. Aqui ou ali encontram-se pequenos oásis de paz ou de espaço, como o Hong Kong Park no Central District, o Victoria Park mais a Leste em Causeway Bay ou o templo de Man Mo, no Western District, não longe do meu hotel. Destaco o que em Hong Kong mais me fascinou: subir ao The Peak (Victoria Peak), do qual já falei em posts anteriores, a 396 metros de altura e com uma vista fabulosa sobre a cidade, visitar a mini-feira da ladra de Cat Street, nas imediações de Hoolywood Road e usar o escalator, sobrevoando o bulício de Hong Kong até chegar ao SoHo para comer algo num restaurante castiço. Bom, vejam mas é o álbum...

Transportes em Hong Kong: algo de "dejá vu"...


Criei um álbum que passa os olhos por um conjunto de transportes utilizados em Hong Kong durante os dias "à turista" de 7 a 10 Novembro de 2007. O meu preferido é o "tram", a modos que como o nosso amarelo da carris, também eléctrico... mas com dois andares! E coberto de publicidade. Mas também encontrarão outras fotos familiares, como o "cacilheiro" como o de Lisboa ou os taxis Toyota Crown (como os de Singapura).

sábado, 17 de novembro de 2007

Arranhando os céus em Hong Kong

Claro que umas das imagens mais conotadas com Hong Kong são os seus arranha-céus... E merece a fama, pois rodando desde os 420 m do IFC2 (inaugurado em 2003, com direito a um honroso 6º lugar na hierarquia mundial dos arranha céus) até às formas arrojadas do Bank of China, o pescoço passa o tempo a contorcer-se para conseguir apreciar devidamente a visão. Os panoramas de conjunto, com o Central District da Ilha de hong Kong visto do outo lado do canal (de Kowloon) ou do alto do The Peak merecem bem a visita por si só! Ficam as imagens, algumas repetidas dos mesmos edifícios mas em vários ângulos... Quem estiver em Hong kong com uma câmera fotográfica nas mãos sente-se como um fotógrafo de moda liliputiano rodeado de dançarinas de aço e vidro vestidas... Gostaria de ir a Nova York, que não conheço: um marujo americano que se cruzou comigo num eléctrico disse-me que desde as "caves" das ruas fumarentas até ao topo dos arranha céus Hong Kong lhe fazia lembrar New York!


Para um fotógrafo de jeito com uma camera melhor e com um tripé, tudo detalhes ausentes durante a passagem por Hong Kong, poderia trazer-vos fotos nocturnas espectaculares do "sky line" de Hong Kong... Em vez disso terão poucas e nem por isso muito boas fotos tiradas de noite, resultado das minhas experiências com a camera em manual (uma desfocagenite aguda alastrou a quase todas, ficando impróprias para serem partilhadas...).

Lisboa, 29 de Janeiro de 2006

Singapura? Hong Kong? Vietname? Malásia? Indonésia? Macau? Angola? Cuba? Tailândia? Brasil? Não, na maior parte dos momentos quero mesmo é estar em casa, em Lisboa, mesmo que neve! Esta foto é do famoso 29 de Janeiro de 2006, quando nevou em Lisboa pela primeira vez em mais de 50 anos. Foi poucas semanas antes de eu marchar para Singapura...
Peço desculpa por este momento de saudade... O programa voltará a Hong Kong dentro de momentos...

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

O caldeirão humano de Hong Kong



Hong Kong fervilha com pessoas de todos os tipos e em todas as posições da "cadeia alimentar" social. A etnia dominante é a cantonense, e é na sua lingua que falam entre si normalmente (e não em Inglês, nem em Mandarim que é suposto ser a língua franca na China). Singapura contrasta com Hong Kong nesse aspecto, por o Inglês ser a língua que todos usam. Quando não é assim é porque duas pessoas da mesma etnia estão a sós e acabam por usar a língua materna (malaio, tamil, mandarim ou outros dialectos chineses). Em Hong Kong, pelo contrário, cruzei-me com muita gente que mal falava inglês... E que nem mesmo Mandarim falava! Esta coisa da língua é aliás causa de atrito entre Cantão e o resto da China, ou antes, entre os cantonenses e o “Poder” em Pequim ou Changai. O Comité Central não papa bem esta mania dos Cantonenses dizerem que a lingua do Cantão é que é “O” Chinês e o que o Mandarim é um “dialecto”. E conheço pelo menos um russo, com origem alemã, que fala português e se sente macaense, que concorda com os Cantonenses. E ele sabe o que diz, pois fala fluentemente Mandarim e Cantonense! Mas isto já são histórias para posts futuros, vamos agora ficar com as personagens de Hong Kong. As imagens falam por si...

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Atribulações de Batman em Hong Kong







Se pensam que isto de ter estado em Gotham City (vejam o post anterior...) é só uma figura de estilo, uma metáfora para armar ao pingarelho, estão muito enganados! Na realidade tive (mesmo) o prazer de me cruzar com o Batman em Hong Kong, como podem ver pelas fotos... Estava a passar pelo “Escalator”, uma passadeira mecanizada que sobe pelo Soho acima no Central District de Hong Kong, quando fiquei entupido numa aglomeração de gente a tirar fotos lá para baixo, para as ruelas que passam 10 metros sob a passadeira. Espreito também e começo a tirar fotos mesmo antes de saber o que era, esticando o braço entre dois ou três concorrentes na primeira fila... Foi assim que apanhei o Morgan Freeman da foto que podem ver, em plenas filmagens do “Dark Knight”, o próximo filme do Batman que estreará em 2008. Quando me fartei dos apertos dirigi-me ao outro lado da passadeira, onde não estava quase ninguém. Estava serenamente a tirar fotos do material de filmagem empilhado nos passeios da ruela quando pára um Mercedes Classe S e se ouve um burburinho... Pois era o Batman, AKA Christian Bale, a sair do carro a uns 20 metros de distância de onde eu estava. Por um instante fui o mirone mais bem posicionado daqueles milhares de turistas a encher o “escalator”! E cá vai a foto também, assim um pouco de ladecos...

Claro que as filmagens do Batman em Hong Kong foram motivo de muito zumzum nos jornais, e no dia seguinte às fotos que tirei surgiu o cartoon que também partilho convosco... Nem o Batman se safa no meio da esmagadora Hong Kong!

Da Legolândia para Gotham City


Estas são as primeiras impressões de um “Singapurenho” ao chegar a Hong Kong... Mais tarde partilharei convosco mais relatos e imagens (não tenho tido muito tempo para digerir as milhentas fotos que tirei nem para blogar sobre as aventuras do último fim de semana prolongado...)

Quando vos falo de Hong Kong refiro-me apenas à metrópolis que se aninha na costa norte da ilha de Hong Kong, no sopé do The Peak. O território completo da Região Administrativa Especial (RAE) de Hong Kong é bastante maior que eu esperava, maior mesmo que Singapura (1042 Km2 contra 682 Km2). No post anterior podem comparar os mapas de ambos os territórios e saber detalhes sobre cada país clicando nos mesmos. Na realidade a RAE de Hong Kong inclui até zonas com campo e praia, tanto na costa Sul da Ilha de Hong Kong como em vastas áreas dos Novos Territórios, a Norte da Ilha e ligando com a eufemisticamente chamada “main land” (a China...). Hong Kong, como Macau, pertence à China desde 1997 (Macau desde 1999) mas ainda goza de um estatuto de autonomia especial durante 50 anos, mantendo uma identidade muito forte. Usam o termo “main land” de forma semelhante ao termo “continente” usado pelos Portugueses das ilhas Atlânticas.

Para quem vem de Singapura, um paraíso urbano todo arranjadinho, espaçoso e verdejante mesmo sob a sombra dos arranha céus (onde os há), a primeira impressão quando se “mergulha” em Hong Kong é esmagadora... Esta metrópole é em muitos aspectos considerada semelhante a Singapura (em dimensão, história – passado Britânico, pujança económico-financeira, população maioritáriamente de etnia chinesa). Mas na realidade são dois espaços completamente diferentes! O título deste post diz tudo: se Singapura parece a Legolândia (ouvi este paralelismo da boca de uma senhora Portuguesa em Macau, que aprecia mais a confusão de HK que a paz de Singapura...), Hong Kong faz lembrar Gotham City! O espaço entre arranha céus é muito mais diminuto, as ruas mais sujas e cheias de população, lojecas chinesas a vender de tudo por todo o lado, becos e ruelas entalados entre gigantescas paredes, sobrevoados por passadeiras aéreas que ligam os arranha-céus, onde milhares de pessoas se fazem às suas vidas sem repararem que estão num autêntico filme... Por falar em filmes, o título Blade Runner também me ocorre de vez em quando, aquela noção de cidade multi-nível onde os píncaros de aço e vidro rebrilhante albergando uma população sofisticada contrastam com as profundezas fumegantes onde seres barulhentos andam aos encontrões no meio do labirinto de lojas, tascos, vendas ambulantes...

Bom, é só uma primeira impressão! Vou digerindo as fotos e relendo as notas do meu Moleskine para em breve vos dar mais detalhes...

Singapura vs. Hong Kong





Vamos todos reclamar a Pedra Branca!


Estava eu a pensar com os meus botões como poderemos nós não perder as estribeiras ao ouvir histéricos “gritos do Ipiranga” provenientes de energúmenos como o iminente Gabriel Drumond (que clamou recentemente pela independência da Madeira) quando a solução me apareceu escarrapachada num jornal de Singapura: o caso Pedra Branca! Se é verdade que a Madeira é Portuguesa concerteza, não deixa de ser notório que uma franja da população nacional, à força de abusar da boa vontade de um estado democrático e tolerante, endoidou a um ponto que pode estar para lá da recuperação... Se os Portugueses que nasceram e vivem na Madeira concordassem (o que eu duvido...), porque não utilizar a ilha para internar para todo o sempre abéculas como o senhor Drumond da notícia, o respectivo Presidente Regional e, já agora, todos os outros serial-abusadores da República e da nossa paciência que pululam por todo o país, desde caciques dados a autarcas a presidentes de clubes de futebol dados a caciques? Claro que perderíamos uma fatia da nossa Zona Económica Exclusiva (ZEE), mas é aí que entrava a Solução Pedra Branca!

Tal é o nome (tal e qual o escrevo, em bom Português!) dado a uma ilhota que pouco mais é que um rochedo granítico, onde só cabe um farol, erigido pelos Ingleses no século XIX. Os Portugueses baptizaram o rochedo no inicio do Século XVI (vejam este artigo na Revista da Armada). E Pedra Branca ficou por alva ser a côr do guano ressequido deixado por muitas gerações de aves marinhas que abundam por aquelas bandas...

A Pedra Branca está a 25 milhas náuticas de Singapura e é disputada por Singapura e pela Malásia. O caso é actual porque está neste preciso momento a ser apreciado por um juri do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) cujo veredicto, esperado lá para Junho do ano que vem, ambas as partes admitem aceitar. Mas atentemos aos argumentos das partes(espreitem os detalhes na Wikipédia). A Malásia esgrime que a Pedra Branca pertencia ao Sultanato de Johor (sim, aqueles morecões que se aliaram aos Holandeses para nos correr de Malaca em 1641...) desde tempos imemoriais, “imemoriais” significando meados dos século XVI. E Singapura argumenta, com alguma razão, que a Malásia sempre se esteve borrifando para a dita Pedra desde que é independente e que tem sido Singapura a limpar a caca das aves e a acarinhar o seu Farol. No recorte que coloco no post o jornalista relembra apenas a treta de um navegador Holandês de segunda (que deve ter chegado cá por engano com uns mapas mal amanhados copiados em terceira mão de originais roubados aos Portugueses) falar sobre a Pedra Branca em 1583. Sessenta ou setenta anos depois dos Portugueses estarem carecas de conhecerem o pedregulho como marco nas suas rotas para a China e as Ilhas das Especiarias! Ninguém se lembra de trazer a terreiro porque é que a porra da Pedra Branca se escreve P-e-d-r-a-B-r-a-n-c-a?! A verdade é que décadas antes do Sultão tropeçar na Pedra e mais de 400 anos antes da independência da Malásia e de Singapura já a Pedra Branca era Portuguesa. Pronto. Tenho dito.

E cá está a solução: mandar imediatamente uma comitiva Lusitana a Haia (vai dar um particular gozo fazê-lo debaixo do nariz dos Holandeses...) e reclamar a Pedra Branca para a nossa bandeira perante o TIJ! Resolvido o assunto, trocaremos a metade da ZEE que perderemos com a “libertação” da Madeira (e com a nossa “libertação” dos furúnculos que mancham o Estado Democratico em que gostamos de viver) por uma outra, muito maior! Uma faixa de umas milhas valentes de largura, saindo do Algarve para cruzar o Mediterrâneo, passando o Suez (passava a ser nosso, claro, temos jeito para portageiros...), o Mar Vermelho (finalmente vou poder dar uns mergulhos de jeito em águas nacionais!), roçando a Peninsula Arábica de forma a catar um terço das reservas de petróleo offshore do mundo, continuar pelo Índico até ao Mar de Andaman, meter pelo estreito de Malaca (a nossa vocação portageira seria aqui exercida pela 2ª vez, 500 anos depois!), passar ao largo de Singapura e, finalmente, chegar à nossa nova possessão. Já estou a ver a nossa bandeira a flutuar no farol da Pedra Branca!

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Cromos de Koh Lanta


Os meus tempos livres (as noites até à 1 da manhã e o último fim de semana quase inteirinho) desde que regressei do meu fim de semana prolongado de mergulhos na Tailândia têm sido dedicados ao meu mais recente hobie: peixes... Sinto-me como quando era miúdo a fazer colecção de cromos ou a ler os calhamaços do Readers Digest, daqueles cheios de bichos coloridos e em vias de extinção. Consegui reunir num álbum online (quase) toda a bicharada que capturei com a minha camera durante os três dias de mergulhos ao largo de Koh Lanta, de 26 a 28 de Outubro de 2007. Foram quase 6 horas debaixo de água! Para classificar os bicharocos uso uns livros lindissimos sobre a vida nos corais que comprei aqui em Singapura. Talvez um dia venha a fazer um blog só para isto! Além dos peixes podem espreitar outro álbum, onde reuni as fotos da malta no barco e debaixo de água, antes, durante e após os mergulhos.

Koh Lanta está situada na costa na costa Oeste da Tailândia (o mar de Andaman, já parte do Oceano Índico) mas a Leste das Phi Phi e de Phuket. Só em 1996 ficou ligada à electricidade. No mesmo ano inaugurou-se a ligação por ferry para carros entre o continente e as duas ilhas principais que compõem este distrito da província de Krabi (ambas as travessias não são mais que umas poucas centenas de metros...). Um clã de Chao Ley (os "Ciganos do Mar") ainda habitam estas paragens, tentando preservar os seus costumes antigos, mas a população de hoje é uma mistura de Tailandeses budistas e muçulmanos, chineses, malaios e... Suecos! Estes últimos dominam o desenvolvimento recente do turismo nesta zona. Não sei porquê, o que é que os trouxe, mas práticamente colonizaram Koh Lanta! Os Vikings são donos dos resorts, das empresas que organizam os mergulhos, têm restaurantes Suecos, escolas Suecas. E tal como os chalets suiços dos nossos imigrantes quando regressam a Portugal, aqui os Suecos gostam de viver sobre telhados zincados preparados para a neve, em vez de usar a magnífica arquitectura rural Tailandesa!

Cheguei numa quinta-feira à noite a Krabi, capital de provincia, com um casal amigo. Krabi fica a norte de Koh Lanta e tem um aeroporto novo para escoar os números crescentes de turistas (começa a ser uma alternativa a Phuket, do outro lado do golfo). Voámos para lá na Tiger Airways por pouco mais de 100 euros cada. Um motorista do resort apanhou-nos e demorou duas horas e os tais dois ferries para nos despejar finalmente, pelas 1.30 da manhã, no Noble House resort na Klong Dao Beach, na ilha de Koh Lanta. O resto foram 3 dias de mergulhos no Índico, ao largo de Koh Lanta. Saíamos de manhã pelas 8 da manhã e estávamos de volta pelas 4 da tarde. Mas ainda deu para um relax de vez em quando na piscina, duas doses de massagens na praia e uns copos num bar "rasta" surreal! Espreitem o album “Koh Lanta a seco”... E não se esqueçam dos albuns “Peixes” e “Divers”!

domingo, 4 de novembro de 2007

O choque dos Mundos aplacado por Buda: a feérica Bangkok


Bangkok foi a primeira paragem, de poucos dias, antes de rumar a Phuket numas miniférias no início de Julho de 2007. Aqui o Primeiro Mundo tipo-Singapura choca-se com o Terceiro Mundo tipo-Saigão de uma forma desconcertante. A cidade moderna dos shopping-centers ultra modernos e dos arranha céus flutua no seio da sujidade, exotismo e caos típicos das metrópoles Ásiaticas. Talvez Buda zele pela harmonia desta mistura pouco natural... Verdadeiros oásis de paz espalhados um pouco por toda a cidade, os templos (milhares...) zelam pelo espírito dos passantes com os seus budas de jade, pagodes dourados e monges de laranja vestidos, salvaguardando quem necessita da vibração demente do ambiente urbano de Bangkok. Quando a paz se torna aborrecida, o cidadão ou o turista pode mergulhar de novo no bulício, rumando por exemplo ao mercado de Chatuchak (12 hectares revestidos por 8,500 lojas-tendas a vender de tudo!) ou satisfazendo a líbido na zona de Patpong com os seus bares go-go.

Bangkok é também a cidade de todos os meios de transporte: chega-se de avião, apanha-se o taxi para o hotel, usufrui-se do moderno metro para visitar os mercados dos arredores, sobrevoando a cidade em viadutos futurísticos ou mergulhando no seu subsolo, apanha-se o barco de carreira para avançar umas paragens rio acima (o Chao Phraya, verdadeira artéria da cidade), salta-se para uns barquitos tipo gôndolas motorizadas para percorrer os canais da labírintica Bangkok “profunda” e, last but not the least: o tuk-tuk! Claro, aqueles triciclos de motor a dois tempos que enxameiam as ruas e que por 20 ou 40 bats (50 cêntimos a 1 euro...) nos levam por todo o lado. Até de graça nos carregam, acho, se os deixarmos arrastarem-nos pelas lojas de Bangkok que lhes pagam comissões!

Os Tailandeses são de uma simpatia desarmante, em geral. Há sempre um sorriso, mesmo que seja o de um condutor de tuk-tuk a fazer-se despercebido para nos despejar num alfaiate manhoso, numa rua esconsa... A limpeza das fardas escolares contrasta com os farrapos dos mendigos, da mesma maneira que os shopping centers de Rama I contrastam com as barracas nas margens dos canais.

A densidade de templos em Bangkok é impressionante. E no coração de Bangkok, no ponto da margem do Chao Phraya onde encontramos o complexo do Grande Palácio Real, a riqueza dos edíficios e dos seus conteúdos é fabulosa... Mas não só. Um pouco por toda a cidade, desde o Golden Mount Temple no topo de uma colina com vista magnífica até ao Buda Dourado (5 ton de ouro maciço...) escondido num templo algures numa rua mais perdida, os pagodes sucedem-se e os dourados ferem-nos a vista.

Um conselho: se forem a Bangkok façam como eu mais a minha companhia: esfalfem-se nos mercados, sacudam-se de barco pelos canais, dêem cabo dos pés a calcorrear templos e, quando estiverem bem derreados e suados, vão usufruir do chá das cinco no The Authors Lounge do Oriental Hotel. É chegar ao céu. O chá de primeira, os scones a babarem manteiga derretida e compota caseira, a terrina cheia de bolinhos, tudo a ser saboreado ao som de uma guitarra clássica tocada ao vivo, suavemente, no sítio onde Conrad em 1888 ou Sommerset Maugham em 1923 já beberricaram o seu chá...

Espreitem por partes a Cidade, as Pessoas e os Templos nos albuns que publiquei no Picasa online.

A Grey Area da Gay Law: uma Guterrada em Singapura...


É a Secção 377A do Código Penal da República de Singapura. Proíbe terminantemente o sexo entre homosexuais masculinos em Singapura, mesmo no recato da sua privacidade. Curiosamente nada diz sobre sexo entre lésbicas... É daquelas hipocrisias que Singapura ainda não conseguiu debelar. Porque a realidade, mesmo aos olhos dos heterosexuais como eu, é que Singapura é um local particularmente aberto aos gays, desde os transsexuais Tailandeses que pululam na noite até aos mais recatados cidadãos comuns, que se juntam nos bares conhecidos como ponto de encontro da vasta comunidade homosexual local. E os que sentem necessidade de tal não se coibem de se vestirem ou mexerem mais amaneiradamente: ninguém os incomoda por isso.

Em Setembro, decorridos 23 anos desde a última revisão do Código e após um período de reflexão e “debate” (interno...), o Governo anunciou as revisões feitas ao Código Penal que se julgaram necessárias. Uma muito esperada decisão seria a eliminação da aberrante Secção 377A. Muitos activistas, nos jornais e na net, homosexuais ou simplesmente cidadãos mais evoluídos que o grupinho de retrógrados que o Governo não quer ofender, clamaram pelo fim da hipócrita lei. Mas os abaixo assinados e cartas ao Primeiro-Ministro não resultaram: a 18 de Setembro os jornais anunciaram as revisões e a 377A lá continuava...

O brado de revolta que se seguiu, sem se comparar com alunos a baixar as calças à frente de Ministros ou polícias a brincar aos bombeiros como em Portugal, foi invulgarmente sonoro para os padrões de Singapura. Nos jornais e na internet, mais fielmente esta última, muito boa gente “cascou” forte e feio na falta de coragem do Governo. Ao ponto de o Primeiro Ministro Lee Hsien Loong ter que vir fazer um discurso para aplacar as massas, uma verdadeira pérola ao melhor estilo uma-no-cravo-outra-na-ferradura dos tempos do nosso PM Guterres. A mensagem de Lee foi bastante simples: mantiveram a Secção 377A porque em Singapura ainda existe uma “maioria conservadora” que não aguentaria tais mudanças (não sei como é que o PM mediu a dita “maioria”). No entanto não se esforçarão por implementar a Lei! É a chamada “Grey Area”: faz de conta que a Lei existe mas para efeitos práticos não se aplica... Dito pelo PM de Singapura: 'If we force the issue and settle the matter definitively one way or the other, we will never reach an agreement... Instead of forging a consensus, we will divide and polarise our society', explicou Lee!

A imagem que ilustra o post foi retirada de um dos blogues que se dedicaram ao tema. Podem ainda espreitar o teor da mensagem do PM Lee. Ou o site do mais barulhento movimento pelo Não ao 377A.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Safari Tailandês... a 18 metros de profundidade


Estou de volta. Atrasado, eu sei... E só de raspão, a energia é pouca depois de uma semana dura de trabalho. Isto de meter um fim de semana grande para ir a banhos na Tailândia paga-se com muito suor e pouca inspiração para escrever. Mas para que vocês, essa minoria hiper-culta e super-amiga (só mesmo...) que frequenta este blog não continuar à espera de mirabolantes aventuras em vão, decidi dar sinal de vida. E cá vão as primeiras fotos dos meus mergulhos em Koh Lanta, Tailândia, 6 horas debaixo de água distribuídas por 3 dias de 26 a 28 de Outubro. Em breve publicarei o álbum completo, dentro e fora de água e ficarão a conhecer melhor aquelas paragens. Mas por hoje só mesmo a Moreia Gigante (este bicho tinha para aí metro e meio de comprimento, a cauda saía da rocha do lado oposto!) e, se rolarem a página para baixo, a Tartaruga de Pente, o Long Fin Bannerfish (ó pá, não sei traduzir bannerfish, mas que a barbatana é comprida é...), o Peixe Palhaço (o famoso Nemo na sua anémona), o Peixe Leão (aquele vermelho cheio de espinhos), o Tubarão Leopardo (que passou quando tinha a minha lente embaciada!), o Clark (outro frequentador de anémonas) e o horroroso e bem camuflado Peixe Escorpião (este pode matar, se o pisarmos, é uma espécie de peixe aranha ao cubo...). Bom mergulho.








quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Fleur...


Vai uma visita ao Jardim das Orquídeas de Singapura? Olhem que vale a pena! Este é mais um post que relembra imagens do passado (bem, estas são de Julho, não são assim tão antigas), o que me faz pensar para com os meus botões que nunca mais porei a escrita em dia, tentanto despejar no blog imagens passadas ao mesmo tempo que conto o que vai acontecendo no presente...

Logo à noite embarco para a Tailândia, onde nos próximos quatro dias vou voltar aos mergulhos... Por aquelas bandas de Koh Lanta (uma ilha a Sul de Krabi, não longe das Phi Phi, na costa Sudoeste da Tailândia) não há cá internet, pelo que os vou deixar por uns dias. Depois conto, prometo. E tentarei também partilhar outras voltas anteriores na Tailândia: Bangkok, Phuket, Phi Phi... Entretanto visitem lá as orquídeas em http://picasaweb.google.com/Galargus/SINGAPURAAsOrquDeas...

Bebendo Chateau Pichon-Longueville Comtesse de Lallande 1982 sobre as Ílhas das Especiarias


Foi hoje que o monstro (estou a falar claro do Airbus 380 da Singapore Airlines) voou pela primeira vez “a sério”, ligando Singapura a Sydney. A sério significa numa rota de rotina com pagantes normais... Bom, não completamente normais, pois a maioria dos bilhetes foram vendidos a preços exorbitantes num leilão da e-bay para fins de caridade, com o recordista a pagar 100,380.00 USD por uma suite de 1ª classe para ele e uma acompanhante! No total o leilão rendeu 1.9 milhões de dólares de Singapura (cerca de 900,000 EUR...).

Foi o voo SQ380, que deixou o aeroporto de Changi em Singapura pelas 08:00 da manhã de hoje para chegar pelas 17:25 a Sydney. Curiosidades banais assinaladas pela Singapore Airlines: a idade dos passageiros vai dos 10 meses aos 91 anos, o nome mais comum é David, 70% deles são homens. Os Australianos são o maior grupo, seguidos dos Singaporeanos. Não tenho registo de nenhum Tuga... Os passageiros da primeiríssima classe (as tais suites...) vão ser mimados com os vinhos mais sumptuosos do século, como D. Pérignon Rosé de 1996 ou o Chateau Pichon-Longueville Comtesse de Lallande 1982.

Como habitante destas paragens não poderia deixar de assinalar o evento, uma vez que aqui em Singapura os media andam a gabar-se do feito há muito tempo e com especial zelo hoje! A fanfarra começou a tocar no dia 15 de Outubro, com a entrega oficial do bicho à Singapore Airlines e tem continuado por tudo e por nada. Infelizmente não vos posso presentear com um relato escrito a bordo, porque para onde o bicho vai não tenho clientes...

terça-feira, 23 de outubro de 2007

For Ladies and Couples only: ir à praia em Singapura


Em Singapura não se querem cá machos latinos a armar ao pingarelho… Na Tanjong Beach, uma das praias da Ilha de Sentosa, só pode aterrar no enorme jacuzzi do bar local quem for muito fêmea ou já vier acompanhado, como se pode ver na placa da foto: “Só para Senhoras ou Casais”. Nada de comportamentos predatórios, do tipo de um fulano ir para dentro do jacuzzi brincar com as bolhinhas à espera que uma presa ali desague.
A ilha de Sentosa encontra-se no extremo sul de Singapura, ao qual se liga por uma ponte com não mais de 200 m. Também se pode lá chegar de barco ou de teleférico (este último é a maneira mais agradável de chegar). Se forem espreitar em http://picasaweb.google.com/Galargus/SINGAPURAAPraia podem ver um mapa e várias fotos. Antes de ser “remodelada” pela moderna engenharia era apenas selva e pântanos, para além de um forte onde os Ingleses esperaram ufanamente pelos Japoneses na 2ª Guerra Mundial, com um grande canhão entre as pernas (os Japs entraram por cima, pela Malásia, e os bifes tiveram de meter o canhão no... pois). Hoje tem museus, um oceanário, uma selva ajardinada para visitar e... excelentes praias!

Garanto-vos que as praias de Sentosa, embora de água turva, são bem agradáveis para se estar e beber um copo. Areia branca, palmeiras, boas vistas. Excepto no horizonte, claro está, coalhado de petroleiros, porta contentores, cargueiros... Vão lá ver o album de fotos, vale a pena.

Adalberta


A propósito do nome deste blog vocês já sabem que se deve ao Principezinho de Saint-Exupery. O livro descreve como no Asteróide 330 se sentava o Geógrafo que, por trás dos seus calhamaços de geografia, recebeu a visita do Principezinho. Foi o Geógrafo que recomendou o nosso planeta Terra ao nosso herói. É a mistura da atracção do Principezinho pela exploração de terras distantes e a pena que tem de deixar as suas florzinhas para trás que eu achei familiar...
No entanto o Asteróide 330 existe de facto! De acordo com a Wikipédia, o Asteróide 330 dá também pelo nome de Adalberta. Este asteróide foi descoberto em 2 de Fevereiro de 1910 por Max Wolf e é um asteróide da cintura principal, a 1,8431621 UA. Possui uma excentricidade de 0,2531697 e um período orbital de 1 416,13 dias (3,88 anos). E tem uma velocidade orbital média de 18,95928385 km/s e uma inclinação de 6,75423º! O que quer que seja isto... Se quem está a ler este blog tiver uma queda para a astronomia pode espreitar em http://pt.wikipedia.org/wiki/330_Adalberta. Se quiserem discutir este tema comigo podem visitar-me, é só seguir o mapa da imagem!

sábado, 20 de outubro de 2007

Festa em Malaca: Bong Natal e Bong Anu Nobu!


Foi um dia bem passado, nos idos de Março deste ano. Saí de Singapura pelo viaduto de Tuas que liga à Malásia, no Audi velhote que nessa altura conduzia, de manhã bem cedinho, com três amigos. Levei cerca de 3 horas para chegar a Malaca, guiando calmamente por estradas secundárias mais junto à costa. À noite regressámos, mas trouxe o carro pela Autoestrada para abreviar a coisa...

O cheirinho a Portugal ainda lá está. “Bong Natal & Bong Anu Nobu” são os votos à entrada da Vila Portuguesa, apesar de já terem passado três meses das Festas na altura em que passei sob este arco. O sotaque destes votos faz-me pensar que os colonizadores do século XVI devem ter vindo todos do Norte, carago...

É claro que os Holandeses, os Ingleses e outros também por cá andaram e não foi pouco. A Vila Portuguesa (Portuguese Settlement) de Malaca, por exemplo, foi fundada em 1930 por obra de um padre... Francês! A maioria da população “Portuguesa” (são uma minoria étnica Eurasiática, resultante da mistura dos Portugueses originais com as meninas Malaias que foram apanhando) vivia nessa altura da pesca e a erosão da costa pelo mar tinha-os deixado na miséria, nos locais que habitavam na altura. O padre comoveu-se e pediu ao governador (Inglês...) que arranjasse terra para os Portugueses se recolocarem, ao que ele acedeu. Os Portugueses são hoje considerados “Bumiputra”, tal com o os Malaios de raça, o que na Malásia dá vantagem sobre os Indianos e Chineses, por exemplo, que juntos constituem metade da população...

No album de fotos em http://picasaweb.google.com/Galargus/MALSIAMalaca, com legendas e tudo, podem ficar com uma ideia de Malaca, desde o Sr. Pedro do restaurante Lisboa na Vila Portuguesa até às ruínas da fortaleza A Famosa erigida por Afonso de Albuquerque.

O Louro de Bukit Timah


Este post é pouco aventuresco e não vos fará viajar para além da marquise de minha casa aqui em Singapura, na zona de Bukit Timah. É nesta marquise que exerço o meu ritual de Sábado de manhã, lavando e pondo a secar a roupa da semana. E o amigo que vos apresento na foto ganhou o costume de me visitar nestes momentos! Já tinha aparecido há um par de semanas mas, infelizmente, quando corri de câmera em punho (tive de a ir buscar ao carro que estava na garagem) já tinha zarpado...
Pois hoje é que foi! Lá estava o Louro de novo, um pouco tímido mas muito mais falador. Durante uns 5 minutos deixou-se fotografar e filmar. Consegui gravar um pequeno filme com um recital de estalos e assobios bastante notável... Depois lá foi à vida dele, mal sabendo que ficaria famoso aqui neste blog, que daqui a 3 anos já terá sido visto por pelo menos 16 pessoas, algumas repetidamente!
Já agora deixem-me que vos diga que Singapura consegue apresentar uma vida selvagem bastante razoável, apesar da sua condição eminentemente urbana. Já não há tigres (já houve...) mas nas zonas ainda preservadas de floresta há cobras em barda, macacos e uns lagartões verdes para aí de metro e meio... Os macacos e os lagartões podem mesmo ser vistos de vez em quando a aventurarem-se em jardins e outros locais menos remotos. Os macacos são particularmente abundantes aqui na minha zona, seguindo pela estrada que passa à porta do condomínio até entrar bem dentro da floresta. Para além destes exemplos há os casos extremos, eventualmente fugidos a algum dono: o Louro da Marquise (bem, talvez não tão extremo...) e uma piton de 3 metros e e meio que ficou famosa o ano passado, aparecendo nos jornais por ter estrafegado até á morte um cãozinho pela trela passeando, dentro de um condomínio aqui ao pé! E fugiu, o raio da cobra...

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Tioman,a minha primeira ilha de sonho


Em Julho do ano passado fiz um fim de semana prolongado a dois, com amigos de Singapura (vários casais de etnia Chinesa) na ilha de Tioman, ao largo da costa leste da Malásia peninsular (2º5N, 104º10E). Um paraíso, muito descanso e muito snorkeling... O único problema: é difícil lá chegar: umas horas de carro até à costa leste e mais um par de horas de barco. Foi a minha primeira vez naquilo que se pode chamar de uma "ilha de sonho" (embora se fizerem scroll down neste blog possam encontrar outra ainda mais linda, mas muito mais pequena, Dayang). As fotos mais fixes podem ser vistas em http://picasaweb.google.com/Galargus/MALSIATioman. Infelizmente nesta altura ainda não tinha a caixa especial para poder usar a camera fotográfica debaixo de água, pelo que das maravilhas que vimos enquanto snorkelizávamos, nada...

Tioman é uma ilha bastante grande, a maior da Malásia no Mar do Sul da China, com 22 Km de comprimento e 11 de largura no ponto mais largo. Está a 32 Km ao largo do porto de Mersing, no continente. Mas a ilha é muito montanhosa e coberta de floresta virgem, pelo que não tem estradas... Os poucos micro-povoados e pequenos resorts que contém instalaram-se à beira mar, na linha de costa de areia branca e águas de azul luminoso. para ir de um sítio para o outro: só de barco.

Para além do snorkeling e scuba diving, que fazer aqui? Papo para o ar na praia, beber dos cocos acabados de apanhar, penetrar um pouco na floresta para tirar o sal numa queda de água ou ver passar uma família de macacos... Também se organizam caçadas à noite, de caçadeira em punho, aos porcos selvagens que abundam na floresta, mas nós não estávamos para aí virados!

Estava em Tioman na noite do Portugal-Alemanha para o terceiro lugar do Mundial de futebol de 2006. Eu e a minha cara metade bem tentámos estar acordados até às 2 da manhã, até desfraldei a bandeira Portuguesa na varanda do bar do resort onde nos instalámos... Felizmente caímos para o lado e dormíamos como justos enquanto a bandeira, coitada, assistia à nossa selecção a levar na pá dos Teutões...

Indonésia flash


Foi ir num dia e vir noutro... Uma noite em Batam, ilha da Indonésia, a 45 minutos de barco de Singapura. Na realidade este ir-num-pé-e-vir-noutro, ou vou-ali-já-volto na Malásia ou na Indonésia ainda era necessário em Junho de 2006, quando dei este pulo a Batam e tirei as fotos que podem ver em http://picasaweb.google.com/Galargus/INDONSIABatam. Nessa altura ainda não tinha o o visto de trabalho aqui em Singapura e cada 14 dias tinha que sair e voltar a entrar pelas fronteiras terrestres ou marítimas da República para voltar a ser carimbado com mais um par de semanas de visto "social" no regresso.
Não teve grande piada, ainda para mais porque estava com febre, uma gripe daquelas à Asiática... Mas não deixou de ser formativo ver a decadência da boite ao virar da esquina do hotel na noite em que cheguei, com o passeio nas imediações pejado de chulos, borboletas e meninas de todas as formas, cores e feitios. Dentro da discoteca parecia um talho... Bem, não durei muito até voltar ao quarto com uma grande dor de cabeça e dormir como uma pedra até a mesquita em frente do hotel me chamar para rezar às 5 da manhã! Lá se foi o descanso... A febre só começou a baixar quando pedi uma massagem ao domícilio. Da recepção lá me mandaram uma senhora nos seus 50s para uma massagem que, milagrosamente, me deixou bastante melhor da gripe! Depois de um almoço no hotel, umas fotos desfocadas e de uns quilómetros valentes de taxi de volta ao cais, lá vou eu de volta a casa em Singapura...


domingo, 14 de outubro de 2007

Vietname, Saigão: A Cidade e As Pessoas

Aterrei pela primeira vez em Ho Chi Min (antiga Saigão) em Março de 2006. Foram apenas três dias mas muitas voltas pela cidade! É um sítio à parte e as pessoas são especiais, particularmente simpáticas. A imagem mais forte: o mar de motas nas ruas e o trânsito caótico. Em Julho de 2007 voltei a Saigão: a confusão mantém-se, embora se veja um esforço de alargamento de ruas, regulamentação do trânsito... e muitos mais carros! Infelizmente, de ambas as vezes, a minha passagem pelo Vietname foi de poucos dias e em trabalho.
Para além de Ho Chi Min dei também um pulo a Vung Tau por duas vezes, uma cidade 125 Km a Sul, na costa. Uma espécie de Costa da Caparica, mas muito mais sossegada... Para chegar a Vung Tau são horas de caos para vencer aquilo que prosaicamente os vietnamitas chamam de autoestrada... E este ano até já cobram portagens! Isto para se fazer 125 km ladeado de espeluncas a vender de tudo, veículos de duas rodas de todos os tipos em todas as direcções, camiões a atravancar duas faixas, enfim...
Têm fotos e comentários qb sobre a cidade de Ho Chi Min em http://picasaweb.google.com/Galargus/VIETNAMESaigOACidade. E uma selecção especial de personagens e de trânsito em http://picasaweb.google.com/Galargus/VIETNAMESaigOAsPessoas. Já agora podem espreitar Vung Tau em http://picasaweb.google.com/Galargus/VIETNAMEVungTau.

sábado, 13 de outubro de 2007

Sarawak, a terra do Sandokan


Sarawak é o Estado da Malásia que partilha a ilha de Borneo com um pedaço da Indonésia e com o mínusculo sultanato do Brunei. Quando lá estive pela primeira vez em Setembro de 2006 estava preparado para enfrentar tigres, orangotangos ou até o próprio Sandokan de punhal em punho. Ou mesmo para voar para lá numa companhia aérea Low Cost a partir de Kuala Lumpur, como foi o caso. Mas a vida tem destas coisas: o perigo surge sempre das formas menos esperadas...

Contexto: a Malásia é maioritáriamente muçulmana. Conjuntura: estávamos em pleno Ramadão, os autóctones vagueavam durante o dia com ar sombrio e fauces esfaimadas. Local: sede administrativa do Porto de Bintulu. Detonador: o vosso amigo aflito para fazer uma mijinha e a minutos de entrar para uma reunião. Evento: percorrer apressadamente dois corredores, encontrar uma porta com a familiar silhueta de um busto masculino (bom, esta silhueta era original: ostentava um turbante), entrar, passar um hall cheio de sapatos (curioso, pensei eu...), chegar a uma bifurcação, evitar a sala à direita (pejada de tapetes, que raio, estes gajos gostam de vir dormir para a casa de banho?!), virar à esquerda, ah, cá está, sacar do dito cujo sobre um urinol sui generis (assim a modos que um bebedouro em azulejo, mais largo e profundo que o habitual, com torneiras espaçadas sobre o mesmo), e... Ah. É nestes momentos que se revelam os sortudos... Epílogo: Num momento de estonteante instinto de conservação, pressenti que algo estava errado. Graças a um hercúleo esforço de contenção, a primeira (e tão desejada!) gota foi contida algures a meio do uretér, a arma do quase-crime voltou precipitadamente ao ninho e eis-me a teletransportar-me para o exterior! Ninguém à vista. Olhei de novo para a silhueta da porta, para a tabuleta em incompreensível Malaio de um dos lados da porta, depois para a outra tabuleta do lado oposto, que não vira antes: "Praying Room". Que pena se esta alma nobre tivesse ido dar com os costados num tribunal islâmico em Bintulu, em pleno Ramadão, com o juiz em jejum... Eu, um Infiel, prestes a urinar num local de oração, conspurcando os bentos azulejos onde os Crentes lavam os pés! Ui, ui...

Quanto a Sarawak, o pouco tempo que lá passei não deu para ver muito para além da mistura de verde selva com amarelo desmatado e cinzentos-enferrujados das casotas à beira da estrada, visões tão diferentes de Singapura e tão comuns à Malásia Peninsular ou à Indonésia. Quando voltar à ilha de Bornéo prometo explorar melhor... Por enquanto vejam as fotos em http://picasaweb.google.com/Galargus/MALSIASarawak.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Domingo Filipino em Singapura


As Filipinas são uma das mais numerosas comunidades expatriadas que vivem em Singapura. São milhares de meninas e mulheres, trabalhando quase todas como "mades" em casas de Singapurenhos ou de expatriados abastados de outras nações. Trabalham, comem e dormem nas casas dos "boss" e as que têm sorte podem folgar ao Domingo. Neste ano de 2007 que vos escrevo ganham entre 350 a 400 SGD (cerca de 180 Euros) por mês.

No dia mágico de Domingo alguns pontos de Singapura são invadidos por hordas de Filipinas. É o caso do Lucky Plaza, um shoping farrusco em plena (e nobrérrima) Orchard Road. Ou o East Coast Park onde organizam churrascos sempre que um aniversário ou outra efeméride o justifique. Há sempre algumas com mais posses que abonam comida e bebida. De facto o Domingo é fonte de receitas paralelas para as mais arrojadas, vendendo jeans piratas, trabalhando a dias (é proíbido...) engomando e limpando casas de expatriados como eu, ganhando comissões de agências se ajudarem a trazer mais conterrâneas para trabalharem em Singapura... Ou revendendo com lucro cartões de telemóvel sempre que um navio com tripulação Filipina está no porto e os homens não podem sair de bordo.

Em http://picasaweb.google.com/Galargus/SINGAPURAAsFilipinas dois Lusitanos juntaram-se à festa e trataram da grelha... Vinte e sete Filipinas passaram a saber onde ficava Portugal!

domingo, 7 de outubro de 2007

Os Tugas de Singapura


Vale a pena apresentar-vos Singapura começando pela influência Lusitana... Os Tugas de Singapura (Nós) são Portugueses que dizem mal dos Portugueses lá na Santa Terrinha por eles dizerem mal dos Portugueses (em geral)... Quer isto dizer que somos Tugas também! Para aguentar os luxos de Singapura sem nos aborrecermos emborrachamo-nos ligeiramente de vez em quando... Podem espreitar as nossas tertúlias em http://picasaweb.google.com/Galargus/SINGAPURAOsTugas

Vai umas fotos?

Ainda agora me larguei a escrever umas coisas e afinal já comecei a divulgar o blog... Bom, para ter a certeza que aproveitam isto em todo o seu esplendor, não se esqueçam que o tema são as viagens e os lugares por onde vou passando. E que uma imagem é sempre melhor que mil palavras... Por isso façam favor de espreitar a zona que diz "Fotografias", no lado direito desta página, mais embaixo. Aí encontrarão links para os albuns de fotos que vou publicando online. Neste momento acabei de colocar uma selecção de imagens do fim de semana de mergulhos em Dayang, mas mais se seguirão.

Mergulhando na Malásia: Pulau Dayang




Esta foi a minha mais recente passeata: um fim de semana prolongado na ilha de Dayang (02º26'06''N, 104º31'04''E), ao largo da costa Sudeste da Malásia Peninsular, passado a fazer um curso de mergulho. Agora estou encartado para descer a 18 metros... O Mar do Sul da China é quentinho (pelos 28ºC), as ilhas são de sonho (e não há sinal de telemóvel, o que também é fixe) e a natureza lá no fundo do mar é de cortar a respiração!

Do lado mau: saindo de Singapura (que tem sido a minha casa desde Fevereiro de 2006) numa sexta-feira à noite, levei 1 hora para passar a fronteira de carro (uma Hiace velhinha cheia de malta, junto com outras carripanas com mais grupos); mais 3 horas de condução nocturna alucinante para chegar à costa leste da Malásia (Mersing) antes que a maré encalhasse o barco que nos esperava; entrar a bordo à meia noite para navegar aos tombos 5 horas mal dormidas; chegar à ilha às 5 da manhã para cair numa cama nuns barracos tipo camarata; levantar as 7.30 no dia seguinte para comecar o primeiro de 5 mergulhos nos dois dias. Isto sem contar com as luxuriantes instalações de banhos: no mesmo cúbiculo tínhamos o mui Malaio buraco no chão para as necessidades e o duche, a incidir exactamente sobre o defecadoiro... Ou seja, para tomar duche tinha de abrir as pernas para não meter o pé no buraco!

Podem ver as fotos em http://picasaweb.google.com/Galargus/MALSIAPulauDayang.

O primeiro post...

Ao contrário do que muitos possam pensar, sou na realidade um tímido. Disfarço bem, eu sei, mas na realidade sou tímido... E nesta primeira incursão na blogosfera essa timidez tolhe-me os movimentos e embaraça-me a escrita!

Bom, é melhor ir direito ao assunto: o que é que faço aqui a escrever coisas, exposto a quem quiser ler?! Por enquanto acho que vou manter o blog secreto... A intenção é partilhar fotos e relatos das minhas voltas um pouco por todo o planeta, pelo que durante uns tempos vou alimentar o bicho com a (muita...) informação das voltas mais interessantes que dei, de há uns 20 anos a esta parte. Pelas minhas contas é capaz de levar uns meses até começar a convidar alguém a visitar o blog... Mesmo mais tarde não espero grande audiência para além dos meus queridos amigos e família, que queiram espreitar o que tenho andado a fazer, principalmente quando desapareço das vizinhanças durante umas temporadas...