terça-feira, 28 de setembro de 2010

Big canguru bird





Apesar de no seu estado natural o Asteróide estar a voar, nunca se cruzara com o Airbus A380 antes. Este badalado superjumbo pode levar mais de 800 pessoas de um lado ao outro do mundo a 950 Km/h, se forem todas enjauladas em classe económica e bem barradas com desodorizante, ao longo dos dois andares do avião, ao longo de toda a fuselagem. Este procedimento não foi necessário no meu caso, pois viajei com a australiana Qantas de Londres para Singapura, que prefere uma configuração menos parecida com uma carruagem de gado: capacidade para 480 passageiros distribuídos por quatro classes: 14 em Primeira, 72 em Executiva, 32 em "Económica Premium" e os restantes 332 barrados no tal desodorizante.
Pelo menos no caso da classe Executiva recomendo este pássaro. As "células" permitem um bom isolamento quando o lugar é completamente rebaixado, dando origem a uma cama completamente plana. O ecran atribuído a cada lugar é razoavelmente grande e o touch screen permite escolher qualquer filme a qualquer hora, incluindo os mais recentes ainda nas salas de cinema. Para desentorpecer é possível espairecer no bar situado à vante do convés superior (que é completamente ocupado pelos lugares de executiva). Aí cada um se serve de vinho, queijos ou outros acepipes, a partir do bar que vêem na foto. Pode degustar a coisa sentado nos sofás vermelhos que também partilho convosco. Bem bom para variar. Claro que o melhor era descer para a proa do convés inferior pela escada que podem ver e refastelarmo-nos nos lugares de primeira classe... Até já em Singapura onde me (re) encontro.

domingo, 26 de setembro de 2010

Don't vote, it just encourage the bastards!

Horas atrás, ao olhar para esta estante de livros no Bush International Airport de Dallas, avancei mais um passinho nesta longa caminhada para o entendimento desta grande nação que é a Gringolândia, mais os seus pitorescos nativos. O título do post é extraído de um dos livros. O autor defende que o governo americano não devia pura e simplesmente existir. Segundo este patusco (que não é totalmente tolo, todavia...) o governo, qualquer que seja a sua cor, inventa razões para auto-justificar tal existência à conta do pobre cidadão americano coartado das suas liberdades mais básicas. Sendo estas, a saber (acho eu): montar a família numa carroça, zarpar para Oeste, cortar umas árvores, construir uma casa na pradaria e viver feliz para sempre com o seu gado por sustento e a sua bíblia como guia. Sem pagar impostos, claro. O que precisarem terão de comprar, e macacos os mordam se não farão por isso à conta do seu trabalho duro. Porque razão haviam de precisar do governo para lhes dar o que quer que seja???


Nesta preciosa selecção literária só encontramos escribas alinhando por este diapasão: mais Governo implica menos Liberdade. E pronto. Serviço Nacional de Saúde? Brrr... Esta malta fica fora de si só de se falar nisso, eu próprio tenho ouvido uns texanos ultimamente que até espumam ao pensar que o governo lhes vai ao bolso com impostos para depois pagar o dentista ao pobre velhinho de Brooklin que não tem onde cair morto. Desde o manifesto dos "Tea Partier's" até às atoardas da Sarah Pallin, temos nesta estante uma bela colecção. Para quem andar distraído, a malta do Tea Party tem feito furor no seio do Partido Republicano: são a ala mais à direita, mais bíblica, mais reaccionária e que de certo modo também gostariam de ver o governo reduzido a uma repartição de finanças em Porto Rico e pouco mais. Para espanto de muitos, têm ganhado uma série de primárias e nas eleições que se aproximam para eleger trinta e sete membros para o Senado serão membros do Tea Party a representar o Partido Republicano em alguns Estados, a votos contra os Democratas. Que estão felizes porque acham que contra estes extremistas terão mais chances de ganhar. A ver vamos... Quanto à Sarah Palin, que de acordo com a própria é a única gaja na política com "cojones" (sic), talvez se lembrem da figura que fez nas primárias para as últimas presidenciais: uma verdadeira caricatura com mamas...
A lição que extraí deste didáctico momento foi que ser de esquerda ou direita na Gringolândia não tem nada a ver com os conceitos com o mesmo nome na Europa. Vários personagens sinistros do século pretérito, desde o Hitler ao Salazar passando por Mussolini, estigmatizaram e marcam ainda a direita com uma mancha que, por contraste, elevou a "esquerda" ao institivo posicionamente de "bons da fita". Claro que com a queda do Leste comunista as coisas mudaram, e muitos não terão a mesma terna recordação dos chaimites que eu tenho (ver post anterior), mas mesmo assim a esquerda continua a ter o apelo da "liberdade". Na Gringolândia é um pouco o contrário: a esquerda Democrata simboliza para muitos "mais governo", o que significa "menos liberdade" (a tal da bíblia na pradaria, conforme definida mais acima). E a direita Republicana significa "menos governo", e portanto "mais liberdade".

E que podemos nós extrair desta constatação? Não faço ideia, eu cá estou de volta a Londres, depois de um voo de nove horas desde Dallas e prestes a embarcar rumo a Singapura para mais treze horas no ar. Ou seja, não me peçam tiradas intelectuais quando me encontro no limbo, o meu corpo titubeante a tentar decidir se o que acabei de comer aqui no Lounge da BA foi pequeno almoço, almoço ou jantar... A única coisa que me estimula neste momento é que vou voar na Qantas, o que significa que vou ter oportunidade de estrear o novo super-jumbo Airbus A380 "double-decker"! Depois conto.

Chaimite sem cravos

Para mim um chaimite, por mais feio que seja, será sempre um simbolo de liberdade e tolerância brilhando no firmamento estrelado do triunfo do bem, junto com outros pontinhos brilhantes como os cravos, as G3 e os sorrisos cândidos da rapaziada que juntou uns e outros trinta e seis anos atrás. Ferramentas dos "bons", que o meu olhar de menino de oito anos viu vencer os "maus". Portanto não me venham com histórias, aos oito anos as coisas são assim. E pronto.


Custou-me portanto ver este bicho da foto, prisioneiro e com ar entristecido, à porta de um "arm dealer" algures no Texas, dias atrás. Apesar de ser um exemplar feioco e mais pequeno do que os garbosos montes de aço verde (ou antes, a preto e branco...) que vi em tempos pela televisão à porta do Quartel do Carmo, não deixa de ser para mim um chaimite. O seu ar cabisbaixo diz tudo: não pertence ali. Um chaimite, qualquer que seja a sua sub-espécie, nunca se sentirá feliz a fazer algo que não seja vencer os "maus", de preferência sem disparar um tiro. Soft-power metálico. Mas no caso em apreço, trata-se de uma variante feita por encomenda para cowboys Texanos endinheirados. Vai portanto acabar nas mãos de um dono que passou da metralhadora AK47 para o lança-chamas para estimular a sua pilinha preguiçosa e que, de novo desentusicado após passar uns meses a esturricar os arbustos das traseiras, passou agora aos chaimites para compensar. Pobre chamite, se tivesse um cravo tinha-lo oferecido, para se animar um bocadinho.

domingo, 19 de setembro de 2010

Tail Gate Day




Imaginem que o Direito joga com o CDUL para o nosso campeonato de râguebi. Para aí umas 37 pessoas assistarão ao jogo e o Sr. Virgulino da rolote que estaciona ali pelo estádio Universitário é capaz de vender para aí uns quinhentos escudos de águas de luso. Perdão, dois euros e meio...
Agora cruzem o Atlântico e aterrem no estádio da Texas Christian University como fiz hoje. A amadora equipa da TCU jogava contra a amadora equipa visitante de Baylor, uma universidade que também é cristã e texana. Nada que se pareça com as equipas profissionais, aquelas que jogam campeonatos e chegam à Super Bowl. Ainda para mais, o jogo não contava para nenhum campeonato, parece que estas equipas universitárias se fartam de jogar umas contra as outras apenas para um grupo de peritos apoiados num software maluco possam chegar ao final do ano e as classifiquem num ranking (a TCU é correntemente quarta melhor da nação, o que é excelente).
Que esperar então de tal evento? Nada. Mas o que encontrei não foi um vazio sonolento... Deparei com um campus inteiro, quilómetros em redor do estádio, com os relvados e parques de estacionamento pejados de carros. O estádio, cheio como um ovo com 50,000 espectadores! Uma energia enorme, bandas gigantescas a apoiar cada lado, as cheer leaders a fazer malabarismos, côr, e som, e mais côr. E muito dinheiro: TV a transmitir, merchandising em barda, águas pequenas a três dólares e meio cada (devem ter vendido um milhão destas, estavam 35ºC e humidade de morrer...). O Sr. Virgulino havia de ficar com os olhos em bico se visse isto. Ah, já me esquecia: a TCU ganhou 45 a 10. O que quer que isso signifique...
O jogo é uma grande seca, cheio de interrupções (até para a publicidade) mas a energia que se desprende a toda a volta é enorme. Os americanos são como crianças hiperactivas, não conseguem estar muito tempo num sítio (e neste caso foram três horas na frigideira...) sem ser permanentemente bombardeados de várias maneiras com apelativos diversos: comerciais no ecrân gigante do marcador, repetições de toda a maneira, ninfetas a fazer de cheerleaders, bandas a tocar em pleno jogo, um comentador a gritar ao altifalante, uma multidão de jogadores, managers, massagistas e sei lá que mais de ambos os lados do campo. Entram em campo para aí uns setenta jogadores de cada lado, embora só onze possam estar a jogar em cada momento. Enfim, um festim para os sentidos. E tudo começou com uma sessão de "tail gate". Ou seja, piqueniques. A malta chega no seu jeep ou camião avantajado, trepa para cima do relvado onde fica estacionado e antes de caminhar para o jogo (que só começa daí a um par de horas) abre a porta da bagajeira (a "tail gate"), reforça a sua sombra com uma tenda que é rapidamente montada, mais umas cadeirinhas, mais um barbecuezito (quem traz), mais uma geleira do tamanho do caixão do Drácula cheia de gelo, cervejas e águas, mais as porcarias de take away que se compraram algures antes de vir para aqui. E aí está, o piquenique, aka Tail Gate, que é indissociável de qualquer jogo de futebol por estas bandas.
Deviam despejar Ritalina na rede de água potável aqui dos EUA para esta malta voltar à terra...

sábado, 18 de setembro de 2010

"On the road again" ou a sensacional foto que nunca tirei

A Gringolândia, onde de novo me encontro, é sempre um festim rodoviário. Milhões de carros fluem pelo emaranhado de autoestradas e viadutos como glóbulos vermelhos por artérias. Guiar por estas bandas começa sempre, para mim, com alguma irritação, até o GPS fazer tudo o que lhe peço (demora um pouco, começa por ser mudo, ou surdo, ou baralhado) e eu perceber como funcionam os botões das banheiras esquisitas com que o rent-a-car me brinda (desta vez é um Dodge). Em Houston, por onde andei nos últimos dias, fui "conduzido". Com as mãos e olhos livres tirei então a foto de hoje, de uma roulote que deve ser de um Tuga a armar em Mexicano... Agora em Dallas, para onde voei à pouco, tive de alugar um carro e fazer umas vinte e picas milhas até chegar ao meu hotel de hoje. O carro afinal não parece ter a "via verde" que pedi ("toll tag"), o que me fez esbarrar nas cancelas por três vezes, recuando entre apitos até finalmente conseguir embicar o Dodge para uma cabine com portageira.

E aqui chegamos à segunda parte do título de hoje. Sim, porque isto de fotos está mau e a roulote dos "Tacos do Sr. Gouveia" foi a menos má que arranjei para pespegar aqui. A portageira de Dallas onde acabei de os conduzir, essa sim, teria sido a foto do ano no Asteróide. Infelizmente eu estava a bufar pela figura que tinha feito, a camera estava no porta bagagens e o alvo da foto não haveria de gostar... E fiquei congelado, parecia um "Z-movie" americano: depois de tanta trapalhada na portagem, consigo finalmente chegar à cabine e deparo com uma mulher barbuda a olhar para mim com um ar estranho! Magra, relativamente jovem apesar de envelhecida, cabelo louro esbranquiçado, voz bem feminina. E com barba... Pêlos abundantes distribuídos por toda a cara, não propriamente barba cerrada mas o suficiente para poder fazer fortuna como atracção de circo duzentos anos atrás. Brrr, aquele olhar, aqueles pêlos, estava a ver que a seguir a senhora saía da cabine e vinha atrás de mim com uma motoserra na mão! Mas lá me safei e aqui estou, a tempo de mais um post, com muita pena de não ter tirado a Foto do Ano...

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

As Caravelas que nos pariram


Hamburgo em 2010 não é uma realidade muito distante de casa. Não é como nos anos 80 levar uma semana para chegar a Praga de comboio e outra para voltar, com meses pelo meio a meter-me em aventuras pelas alienígenas paragens da Europa de Leste, com Muro e tudo por permeio. Para conseguir algo igualmente Marciano nos dias que correm só deitando-me ao trânsito de Teerão ou deixando-me conduzir pela estrada de Saigão para Vung Tau durante umas horas. Estar em Hamburgo é como dar um passeio de carro ali pelo Luso nos anos 80. Ou pela Mealhada, tendo em conta o pernil de porco de pele crocante que acabei de ingerir juntamente com uma caneca de litro de cerveja. Mas...
A verdade é que nunca me acomodei totalmente às repetidas viagens que faço para os sítios habituais. Como para Hamburgo de quando em vez. Há sempre um olhar novo, algo de exótico, nem que seja por cada visita ser entremeada por inúmeras outras em várias paragens do mundo, que me fazem esquecer a última ronda por mais um canto rotineiro. Assim, apesar de estar aqui na "nossa" Europa, não deixo de me comover com imagens como as das fotos. Estou cá fora mas tive um cheirinho único da nossa casa. De repente estava longe de novo e comovi-me com o apelo dos "nossos". Viva a Sagres, a Francesinha e o Galão! E as caravelas que nos pariram...

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Mergulho no Outono

O Verão no luso canto tem sido formidável. Piscina pela manhã para acordar, calores nocturnos, azuis brilhantes no céu e verdes opados de tanto crescerem ao sol depois de tanta água no pretérito Inverno. Claro que entretanto a minha bomba de água pifou, os cães fugiram, a máquina de lavar roupa entupiu, o meu dente partiu e outras coisas más que também contribuem para um Verão memorável, para o bem e para o mal. A cadela já regressou, o cão ainda anda a monte e agora o Verão acabou. Pelo menos desde ontem e até sexta feira, aqui plantado à beira do Aussenalster em Hamburgo. Há pouco, depois de um jantar bem regado que começou pelas seis da tarde no meu hotel (mania destas paragens...), tirei esta foto quando dava um passeio para desmoer. Estava fresquito (eu diria mesmo que estava frio, aí pelos 13 graus...), chuviscava aqui e ali, e a cidade as gentes já se vestem para o Outono. Os cisnes foram apanhados pela lente de um Asteróide suspendendo a respiração para não tremer a coisa, já no canal Alsterfleet que liga ao Norderelbe. Também eles, com a sua patine "a la" Parque Eduardo VII no qual me vejo sempre de rogo de lã na cabeça (e a preto e branco, vá-se lá saber porquê!), pareciam já ter dito adeus ao estio. Adeus memorável Verão, bem-vindo sejas Outono, também és preciso! Pelo menos até 6a...

Tugas em Singapura


A RTP chegou a Singapura e com um elenco de luxo pôs de pé mais um episódio da saga "Portugueses pelo Mundo". O Asteróide recomenda vivamente, principalmente este episódio, o 7º de 8. Passou na RTP1 a 4 de Setembro e já está no You Tube em três partes:
Parte 2/3: http://www.youtube.com/watch?v=mI7EqkQxF8Q (esta parte é para quem gosta de praia e copos...)
Não é só a "minha" Singapura que transparece, mas acho que o programa capta muito bem o look e a alma da Cidade do Leão. Pelo menos vista pelos Tugas...