sábado, 27 de março de 2010

Primavera!

Casa! Família, cães, tartarugas, peixe e gata! Rãs na piscina e a passarada a trazer manhãs entre chilreios e esvoaçares assustados debaixo do alpendre! O verde a invadir o castanho e as laranjeiras a perfumar (não sei se é o tempo delas mas comprei seis para plantar que ainda aguardam que a terra enxugue...). As videiras a renascer como a foto documenta e o vinho novo do último ano que já rapou frio que chegue para perder a sua capacidade de nos provocar um doloroso dia seguinte. E mais uma ninhada a caminho: a gata está grávida... Não sei como. Bem, imagino né? Ou já vinha quando a salvámos da nossa oliveira (ou antes, do nosso cão zarolho e da nossa cadela coxa, que queriam "brincar" com ela e saltavam com ar guloso junto aos ramos mais baixos...) ou foi o Espírito Santo.

E nada de aviões até depois da Páscoa... Primavera!

segunda-feira, 22 de março de 2010

Deus é Brasileiro

Só se o título for verdade se explica que uma vista como esta exista. E logo aqui na Cidade Maravilhosa. A vista é a que o olhar abarca a partir do Corcovado, com o Pão de Açucar lá em baixo. Atrás de mim está o Cristo (em obras...). Mas a verdadeira Maravilha do Mundo não é o Redentor não... É sim o que os Seus olhos alcançam, aqui traduzido pela foto que vos trago. Amen.


E eu que tinha ficado impressionado com a vista do Peak em Hong Kong...

Asa murcha...

A praia de São Conrado no Rio de Janeiro é o poiso de eleição dos "asa-deltistas" profissionais que ganham a vida deitando turistas abaixo da Pedra Bonita, fazendo-os voar lado a lado com o piloto desde os seiscentos metros de altura do morro até à praia onde esta foto foi tirada. O Asteróide já experimentou e recomenda. Infelizmente, três dias atrás, as autoridades suspenderam a actividade por tempo indeterminado. Há cerca de três anos morreram piloto e turista quando uma das asas se partiu em pleno voo. O piloto era um moço que vivia na selva lá no morro e que só fazia mesmo isto, voava como respirava, embora não soubesse o que era fadiga dos materiais. De vez em quando também acontece que o turista trava em vez de correr e o pobre piloto chega ao fim da rampa já de bico para baixo, reduzindo-se o voo a umas dezenas de metro até à primeira árvore que apanhar encosta abaixo. Tudo junto (e uma inspecção recente que verificou que já ninguém está inspecionando devidamente o equipamento) levou à suspensão. Em São Conrado é agora o espectáculo das asas coloridas... em terra. Voar, só sozinho na asa, com turista ao lado não!

Bráziú pitoresco

Juro não saber o que raio será um "hotel para solteiros"... Só solteiro encartado pode se abrigar? E viúva? E divorciado? E pode homem e mulher sem descriminação sexista? E se os hóspedes todos juntos em hotel tão piqueno mudarem de clube após algum tempo de co-habitação? E... Estou cansado demais para tanta cogitação (ao ponto de até a minha escrita estar ganhando sotaque...). Fiquem portanto a saber que no mundo há pelo menos um Hotel para Solteiro. Fica algures em Santa Teresa, subindo a caminho do Corcovado, Rio de Janeiro, Bráziú.

O mico do Pão de Açucar


A criaturinha da foto deu-se a conhecer dois dias atrás, quando consegui reservar um tempinho para um passeio com a cara metade aqui no Rio. Estávamos no Pão de Açucar (que merece sempre uma foto, cá vai também) e achei que o Mico merecia vir ao Asteróide para conhecer o primo da Sentosa...

domingo, 21 de março de 2010

Navegar é preciso


A foto nem precisava de título... Tirei-a dias atrás na Linha Vermelha (ou já seria na Linha Amarela?), uma espécie de segunda circular aqui do Rio de Janeiro, pouco depois de aterrar no Galeão e já a caminho da Barra da Tijuca, onde sempre fico quando estou na Cidade Maravilhosa. É nestas alturas que o Tuga sente o coraçãozinho a bater... Para quem ainda há dias estava preso em Newark, passou rapidamente pelo cantinho, fez duas festas aos cães, distribuiu beijinhos pela família, verificou se as tartarugas ainda estão a hibernar, deixou a gata enroscar-se no colo um par de noites e num piscar de olhos já está de volta ao aeroporto, nada como a frase em título como justificação. Por estas e por outras é que por vezes acordo e (literalmente...) não sei de que terra sou...

domingo, 14 de março de 2010

Are you the Captain?

Afinal não é preciso uma greve de uma transportadora aérea para abater o Asteróide... Basta uma peça avariada, como aconteceu ontem com o voo da TAP de Newark para Lisboa que foi cancelado. Aqui estou eu portanto de novo, agora a carpir as minhas mágoas, em vez de estar calado e sossegado na minha casinha no campo, na Lusa Pátria. A foto que vos mostro, sem grande vontade, é o mais próximo que verão de Manhathan: a Penn Station de Newark, onde poderia apanhar um comboio que em 15 minutos me despejaria no coração da Big Apple. Mas tal não vai acontecer: a TAP quer-nos a todos sossegadinhos aqui no Hilton do aeroporto, em quanto esperamos notícias.


Claro que para o Asteróide aparecer tive de me ligar à Internet. O meu lap top já apanha automáticamente o wi-fi de qualquer hotel da cadeia Hilton na Gringolândia, mas se não tiver um código que por vezes gentilmente me dão na recepção tenho de aceitar pagar uns dez dólares por dia para navegar. Assim liguei para a recepção, que pensa que a TAP é uma companhia de aviação de um país gigantesco, com aviões paquidérmicos, onde a tripulação é constituída por umas 30 pessoas (o número de viajantes encostados aqui no Hilton). O senhor da recepção logo me reconheceu como membro da tripulação e lança-me a pergunta acima: você é o capitão? Tive que confessar que não (embora tentado a dizer que sim só para ver o que acontecia...), pelo que este post me custará dez dólares. O que é barato para um pedaço de prosa tão erudito...

sábado, 13 de março de 2010

Sobre Serpicos mutantes, hábitos alimentares e mamas Italianas


Uma "premiére": pela primeira vez o Asteróide escreve e publica em plena rota, sobrevoando a Gringolândia algures entre Texas e Nova Iorque! Graças ao Wi-Fi a bordo da American Airlines.

Há umas horas atrás estava na fila para o “security check” no aeroporto de Dallas quando tirei esta foto. Como em muitas outras ocasiões, arrisquei-me a levar um sopapo, neste caso do dono da mala. Apesar do seu ar de pilotaço belicoso a condizer com os autocolantes, não reparou no meu momento como "paparazzi".... Pude assim documentar que não são só a TAP e a Lufthansa que fazem greves de propósito para me chatear. A American Airlines pelos vistos também. Mas não hoje...

Tirar uma foto à socapa foi coisa que não me atrevi a fazer ontem ao jantar, pelo que o Serpico do título terá de ficar para sempre entregue à vossa própria imaginação… Estava num Chedar’s ao pé do hotel, um restaurante-bar. Há Chedar’s por todo o lado na Gringolândia. É uma boa solução ao jantar, para comer e beber uns copos e ficar até mais tarde. Podemos escolher entre uma zona de mesas mais sossegada ou ficar pelo bar, onde ao balcão ou em mesas elevadas também podemos comer, com menos luz e mais som (refiro-me a toda a gente a falar alto…). Ali como em muitos outros sítios por estas bandas a maioria dos clientes eram negros (perdão, Afro-Americanos, como aqui se diz). Principalmente senhoras. E todas gordas, umas menos, outras mais (mais significa ao ponto de se derramarem para fora das cadeiras…). Com uma excepção: uma beleza Afro-Americana alta e escultural, de cabelos voluptuosos e olhar inquiridor, que quando cheguei com um amigo já estava a animar a noite de outro colega que por ali andava. Claro que flirtar com uma senhora negra estaria fora de cogitação de um outro colega com quem convivi estes dias, um “Southern red-neck”, texano puro e duro que ao ver os olhares gulosos dirigidos à menina logo nos diria “you bloody yankees, I would never swim on these muddy waters!”. Este tipo de “red-neck” abrutalhado e racista ainda pensa que o Sul ganhou a Guerra Civil.
Tão chocante contraste com o resto da população feminina do local não era normal. Na realidade rapidamente tirei as minhas conclusões, depois de saber que a senhora estava no bar com o “irmão”, um negro de colarinhos bicudos e óculos escuros à Serpico, peça de indumentária sem dúvida necessária num bar a meia luz às dez da noite… O “mano” controlava a coisa à distância, a “mana” acabou por largar o osso depois de arrastarmos o nosso colega do balcão para a nossa mesa. Uma excelente foto, que sensatamente decidi não tirar.

Se ao jantar podemos desfrutar de alguma calma, ao almoço é mais difícil. Anteontem num Subway perto do sítio onde labutei esta semana percebi que a malta aqui não come: alimenta-se. E rápido. O Subway faz sandes que são pedidas ao balcão, depois de estar na fila um pedaço. Esta fila é como uma linha de produção automóvel: quando se entra não se pára e quando se dá por isso já temos uma sandes atravessada na boca e o visa passado na máquina. Se paramos para perguntar o que é aquele molho esverdeado ou aquela coisa roxa antes de nos atrevermos a escolher o recheio da sandes, somos imediatamente bombardeados com grunhidos da fila que nos segue e suspiros da Mexicana que fica de colher na mão a olhar para nós.

E o que é que mamas Italianas têm a ver com isto? Bom, há sítios em Itália onde se pode lavar os olhos (e fazer mais coisas) na rua com boazonas maravilhosas, altas, loiras e provocantes, de peitos à mostra para toda a gente ver. A Polícia? Não pode fazer nada. É legal. Quer dizer, é ilegal para uma mulher mostrar os peitos na via pública. Mas os homens podem mostrar a peitaça! Moral da história: nunca alinhar com uma Italiana que mostre as mamas na rua para início de conversa. Capici? Se quiserem mais pérolas da sabedoria popular vão beber copos no Texas com ex-Marines.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Greens Go Home!

A foto não me deixa mentir: estou de volta à Gringolândia. E se tiverem paciência de me lerem hoje até ao fim vão ficar a saber de onde vem a expressão Gringo...


Passei cá a semana toda. Sem tempo para nada para além de tentar entender os nativos nos raros momentos em que me podia distrair da minha missão. Nessa alturas não só eu os tentava entender (principalmente aos texanos com a sua maneira de ladrarem os erres) como também eles me tentavam entender a mim (que também tenho a minha coisa com os erres no início das palavras em inglês, talvez por insistir em misturar o erre francês com o erre tamil...). Enfim, os morecões de sempre. Eles e eu. Eles com as tatuagens militares, com o passado nos marines, com as histórias de quando eram Rangers e saltaram sobre Granada, das suas duas comissões a "Libertar o Iraque" para ganhar umas coroas (este só parou de lá ir quando a mulher lhe disse "ou Bagdad ou eu!"). De entre os trinta companheiros de trabalho esta semana nem todos são ex-Rangers, Marines, tatuados e usam chapéus a dizer "Freedom Iraque Veteran" ao mesmo tempo. Mas todos exibem pelo menos uma destas características! Excepto um. Que era Mexicano.

E foi este Mexicano que me explicou de onde vem o nome Gringo (cada vez mais usado como adjectivo, e dos pejorativos...). Está no título: estas mesmas paragens onde me sento e descanso hoje já foram em tempo bem Mexicanas, até ao dia em que foram invadidas por uma maré de uniformes verdes, os "green uniforms" das tropas americanas de meados do século XIX. Em 1845 o Texas foi anexado pelos EUA (roubado aos Mexicanos, portanto). Os Mexicanos não gostaram. Cá vai disto! De 1846 a 1848 os Mexicanos gritaram "Green Go Home", defenderam a honra e a Pátria e, sentindo-se orgulhosos do seu desafio impante e do sangue de milhares de patriotas mortos, perderam para os EUA o Novo México e a Baja California, a somar ao Texas. Green-Go home. Gringo.

Mas a história tem destas reviravoltas. Passados 160 anos é a vez da Gringolândia ser invadida. Agora pelos carros coreanos, algo impensável há meia duzia de anos. Verdade vos digo: em Singapura guiava um Hyunday Sonata como este e dei-me muito bem. Mas aqui, ver estas carripanas de olhos em bico substituirem aos poucos os gorgelejantes V8 das pick-ups que enchem as estradas do Texas? Hell no! GREENS GO HOME!