sábado, 13 de outubro de 2007

Sarawak, a terra do Sandokan


Sarawak é o Estado da Malásia que partilha a ilha de Borneo com um pedaço da Indonésia e com o mínusculo sultanato do Brunei. Quando lá estive pela primeira vez em Setembro de 2006 estava preparado para enfrentar tigres, orangotangos ou até o próprio Sandokan de punhal em punho. Ou mesmo para voar para lá numa companhia aérea Low Cost a partir de Kuala Lumpur, como foi o caso. Mas a vida tem destas coisas: o perigo surge sempre das formas menos esperadas...

Contexto: a Malásia é maioritáriamente muçulmana. Conjuntura: estávamos em pleno Ramadão, os autóctones vagueavam durante o dia com ar sombrio e fauces esfaimadas. Local: sede administrativa do Porto de Bintulu. Detonador: o vosso amigo aflito para fazer uma mijinha e a minutos de entrar para uma reunião. Evento: percorrer apressadamente dois corredores, encontrar uma porta com a familiar silhueta de um busto masculino (bom, esta silhueta era original: ostentava um turbante), entrar, passar um hall cheio de sapatos (curioso, pensei eu...), chegar a uma bifurcação, evitar a sala à direita (pejada de tapetes, que raio, estes gajos gostam de vir dormir para a casa de banho?!), virar à esquerda, ah, cá está, sacar do dito cujo sobre um urinol sui generis (assim a modos que um bebedouro em azulejo, mais largo e profundo que o habitual, com torneiras espaçadas sobre o mesmo), e... Ah. É nestes momentos que se revelam os sortudos... Epílogo: Num momento de estonteante instinto de conservação, pressenti que algo estava errado. Graças a um hercúleo esforço de contenção, a primeira (e tão desejada!) gota foi contida algures a meio do uretér, a arma do quase-crime voltou precipitadamente ao ninho e eis-me a teletransportar-me para o exterior! Ninguém à vista. Olhei de novo para a silhueta da porta, para a tabuleta em incompreensível Malaio de um dos lados da porta, depois para a outra tabuleta do lado oposto, que não vira antes: "Praying Room". Que pena se esta alma nobre tivesse ido dar com os costados num tribunal islâmico em Bintulu, em pleno Ramadão, com o juiz em jejum... Eu, um Infiel, prestes a urinar num local de oração, conspurcando os bentos azulejos onde os Crentes lavam os pés! Ui, ui...

Quanto a Sarawak, o pouco tempo que lá passei não deu para ver muito para além da mistura de verde selva com amarelo desmatado e cinzentos-enferrujados das casotas à beira da estrada, visões tão diferentes de Singapura e tão comuns à Malásia Peninsular ou à Indonésia. Quando voltar à ilha de Bornéo prometo explorar melhor... Por enquanto vejam as fotos em http://picasaweb.google.com/Galargus/MALSIASarawak.

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