sexta-feira, 27 de maio de 2011

Roma express





O título deste post, ao contrário do que alguns possam ter pensado, não tem nada a ver com a pitoresca carruagem do metro da capital italiana que surge numa das fotos. Na realidade este título é um lamento perante o triste destino do Asteróide: fazer em poucas horas o que turistas a sério podem levar a cabo em vários dias a deambular pelas paragens que visitam. Na semana passada coube-me Madrid em 14 horas, esta semana Roma em 36 horas (na realidade meio dia, descontando as viagens e a missão que me levou a Itália).
Como "meter" Roma, dois países e milhares de anos de história (estou a contar com o Vaticano...) numa tarde? Ora cá vai a rota do "Roma Express":
1. Apanhar o comboio regional perto do hotel onde me quedava, algures num parque de negócios em Fiumincino, saltar fora em Ostiense, apanhar o colorido metro em Piramide e desembarcar no... Coliseu.
2. Sempre a andar, dar a volta ao Coliseu disparando furiosamente a fiel Canon, sem esquecer as gastas pedras da estrada romana que passa perto e o vizinho arco de Constantino. É melhor fazê-lo enquanto lá está o Coliseu: hoje em dia parece um formigueiro prenhe de turistas, cujas cabecinhas e t-shirts coloridas assomam em cada buraquinho da mole de pedra, sem dúvida desgastando as mesmas até não restar nada...
3. Fugir da trovoada para dentro de uma pizzaria vizinha, fintando os inúmeros ambulantes indianos que com raro sentido de oportunidade aparecem nestas ocasiões a vender guarda-chuvas.
4. Comer uma pizza rasca e beber uma cerveja mais caros do que deviam ser. O tasco também deve ter acordo com o S. Pedro, junto com os ambulantes...
5. Pôr pés ao caminho: do Coliseu até à Praça de São Pedro no Vaticano, passando pelo imperdível Panteão (o mais bem conservado monumento da antiguidade, Séc. II e uma milagrosa cupula de 43 metros com o famoso óculo no topo) a Praça Navona (um mimo do barroco) e uma estonteante sucessão de colunas, ruínas e edifícios monumentais de todas as épocas.
6. Pelo caminho parar para participar numa "conference call". Experimentem uma hora de reunião ao telemóvel na rua em Roma. Imperdível... É doloroso tentar encontrar um sítio com menos barulho (em silêncio é impossível...). Acabei abrigado do ruído e da chuva num jardimzeco empoleirado numa colina, abraçado a uma estátua eventualmente milenar no seu nicho anti-trovoada...
7. Chegar à Praça de São Pedro com os bofes de fora e pés a arder. Tirar as fotos da praxe para consolo dos amigos e família mais religiosa...
8. Acabar o meio dia "expresso" em Roma de volta às ruazinhas perto da Praça Navona, ocupado com um belo risotto arrematado com um tiramisu ainda melhor, tudo regado com tinto.
9. Chorar de alegria ao ver um taxi deixar um passageiro mesmo ali ao lado. Apanhar o dito de volta ao hotel e cair na cama...

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Desprendem-se uma ova!

Ontem comprei o El Mundo no aeroporto de Barajas em Madrid enquanto bebia um par de cañas e uma magnífica sandocas de pata negra. É a tal mania Tuga de querer saber o que os outros falam de nós... Apesar do recíproco não se aplicar: os Espanhois estão-se maribando para o que pensamos deles. Os ingleses esses nem falar... Ainda para mais hoje: não satisfeitos em ocultar as conquistas desportivas Lusas dedicando-lhes uma notícia microscópica, os bifes ainda por cima fizeram a Raínha iniciar uma visita histórica à Irlanda ao mesmo tempo que dois clubes Lusos se encontravam em Dublin para a final da Liga Europa! Até a Rainha alinha nestas manobras de diversão...

Não é que eu seja egocentrico, ou lusocentrico, nada parecido... Nem que estivesse a pensar que os espanhóis são hermanos da onça... Pero que los hay los hay! Então não é que os castelhanos apenas se preocupam com o seu, a propósito da Troika e do bailout português, em vez de virem derramar pelas páginas dos periódicos a sua admiração pelo estóico esforço dos manos pequeninos perante a investida dos especuladores? Forretas, é bem feita, queriam voltar a ver os 5600 milhões que nos emprestaram? Esperem que o D. Sebastião volte para vos pagar!

domingo, 8 de maio de 2011

Minimalismo desportivo britânico

Na sexta-feira estava eu para variar em trânsito por London Heathrow, folheando um pasquim local (já nem me lembro qual era, e pela foto também não consigo ver). No pior aeroporto do mundo já nos sentimos inflamados o suficiente com a pouco britânica ausência de fleuma, sentido de humor ou qualquer vislumbre de cérebros pós-neolíticos na seita que toma conta daquela xafarica. Pelo que não precisava de mais uma demonstração de surpreendente (ou não...) chauvinismo britânico. Vejamos. Na sexta-feira de manhã dois clubes portugueses tinham acabado de chegar à final da Liga Europa de futebol, a ex-Taça UEFA, na noite anterior. Não é igual à final da Liga dos Campeões mas neste tempo de troikas em que se avizinham tempos desgraçados no Luso cantinho uma notícia destas ajuda a levantar a moral dos Zés como eu. Portanto lá estava eu, a folhear freneticamente um pasquim britânico no pior aeroporto do mundo, sequioso de beber as palavras de louvor e reverente admiração dos nossos mais antigos aliados, a propósito de mais uma façanha Lusa. A minha figura era a do Tuga chapado: nem sempre dizemos bem de nós proprios, mas invade-nos uma alegria canina quando qualquer estrangeiro diz bem de nós.
Vã esperança esperar tal coisa desta raça de gente. Para além de gerirem aeroportos, os pré-neolíticos britânicos aparentemente também tomaram conta da imprensa local... Não estão cá com coisas: ou um troglodita da mesma tribo está em prova até ao fim para ganhar, ou então fingem que nem existe. Apreciem em todo o seu esplendor a notícia do pasquim referindo-se à conquista lusa: uma microscópica menção na banda da página 59, sem fotos, com um total de vinte e seis palavras (26!). No Vietname a esta hora pelo menos uma página é dedicada à coisa, e nem foram eles que inventaram o futebol... Enfim. Também, o que se havia de esperar da malta que chafurda num aeroporto daqueles e apresenta um défice maior do que o nosso?

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Viva! Bin Laden já era!

Acabado de chegar a Houston, Texas, ontem à noite, estava no bar do hotel quando as notícias explodiram na TV. O ecran à minha frente estava a dar um jogo de baseball e Filadélfia tinha acabado de empatar com os New York Nets, perto do fim. De repente reparo que noutra TV, com outro canal, aparecia em rodapé "Osama Bin Laden Dead". Olhei em volta, acho que ninguém tinha reparado ainda...

Daí a minutos já o Obama estava em todas as TVs quando tirei esta foto, em directo. Daí a pouco já se sabiam os detalhes: Bin Laden caçado "à mão" no Paquistão, por um raid de "Seals". Toda a gente estava calma, não se ouviam efusividades. Mas contentes, claro. Também por se terem usado os Seals e não um anódino drone a bombardear cegamente o local. No entanto... A verdade é que muitos destes texanos estavam simultaneamente tristes. Por ter sido o Obama a apanhar o Osama, e não o amado Bush...