segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Voltando ao Leste em Varsóvia

Há muitos, muitos, anos passei uns meses de Verão magníficos para lá da Cortina de Ferro, quando era mesmo isso: de ferro ferrugento e difícil de transpor. Vivi esse período, nos anos 80, na maravilhosa (mas triste) Praga da então Checoslováquia. Já nessa altura, tanto para os Checos como para os camaradas Alemães Democratas que eu "invadi" num fim de semana relâmpago a Berlim Leste (uma história de muro para cá, muro para lá que talvez conte um dia destes), a Polónia era uma espécie de patinho feio do Leste Comunista. Portanto a minha primeira viagem à Polónia na semana passada foi com esse estereótipo bem presente: se a RDA e a Checoslováquia eram tão tristes, pobres e paradas no tempo naquela altura, como seria a Polónia??? Esta antecipação do País não melhorou em 1990, quando de volta a uma Berlim já de muro caído assisti à invasão de polacos com ar maltrapilho, a maior parte para jogar à vermelhinha nas strasses de Berlim Oeste.


Foram apenas três dias (duas noites) em Varsóvia. A missão que me levou ao frio Polaco só me deixou disponível para explorar a cidade uns breves momentos: uma noite passeando sob a neve na Cidade Velha, onde cheguei de taxi, e uma noite e uma parte da derradeira manhã, antes de voltar ao aeroporto, na área do Centro, nas imediações do hotel. Deu para notar uma cidade que seguramente já deixou para trás a ferrugem do Regime Soviético e que apresenta todos os indícios de um cosmopolitismo e conforto crescentes. Cadê o meu estereótipo anterior? Nada... Viva a União Europeia! Do passado modesto restam apenas indícios subreptícios, como as lojecas de minúsculo comércio na zona do centro, sobrevivendo por enquanto aos arranha céus e grandes centros comerciais, e a proverbial antipatia dos polacos. Bem, não quero ser injusto, mas apesar de uma primeira reacção polida a qualquer pergunta, qualquer tentativa de conversa mais prolongada esbarra logo numas trombas defensivas... Também têm de fazer progressos na aprendizagem do Inglês. Quanto ao taxista que na primeira noite me trouxe ao hotel após a minha volta turística e que me queria levar 90 zlotys em vez dos cerca de 15 que paguei na ida, bem, não levo isso ao facto de ser polaco mas sim... fogareiro! São todos iguais, em todos o mundo... Para saberem mais vejam mas é as fotos no Picasa, sem deixar de ler as legendas!

sábado, 6 de dezembro de 2008

Fumar confortávelmente é em Zurique...


Após longas horas de voo em ressaca de nicotina, qualquer fumador em trânsito desembarca num aeroporto de passagem com um só pensamento: encontrar um canto reservado para fumadores, acender um cigarro e inalar umas passas até ficar tonto... Quando se passaram 13 horas de abstinência atravessando meio planeta, estes minutos de intoxicação ainda possível na maior parte dos aeroportos do mundo (na América é que é mau, uma vez no JFK tive de fumar à socapa num canto...) sabem a ginjas, entre um voo e o próximo. Com um senão: os barracos dos fumadores nos aeroportos internacionais são normalmente sítios infectos, onde uma data de gente cadavérica com ar alucinado enche o ar de fumo e o pivete a cigarro esmagado incomoda até o fumador mais inveterado. Assim é em Frankfurt, por exemplo, por onde passo muito. Em Singapura, no Changi Airport, a coisa é mais decente, havendo até um jardinzinho exterior para a função, num dos terminais. Sabem que mais? Na realidade já não quero nem saber, pois já não fumo um cigarro há mais de um ano e portanto já não sofro das agonias dos fumadores voadores. E a conversa leva-nos a esta foto, tirada a semana passada no aeroporto de Zurique, que me fez relembrar esses tempos de agarrado à nicotina: pela primeira vez vi um sítio onde os fumadores são de facto tratados gentilmente! Não se trata do "barraco para esfumaçar" mas sim de um "Smoking Lounge", ou seja, está-se mais confortável na área de fumadores, com espaço e bons sofás, do que fora dela! Afinal ser fumador já não é tão mau assim...