domingo, 25 de abril de 2010

Overdose de ex-libris...

Em Singapura a crise financeira do ano passado foi fulminada rapidamente por vagas sucessivas de energia furiosa orientada para o crescimento. No post imediatamente anterior viram como aqui o burgo vendeu a "alma ao diabo", ao trazer os casinos para cá, escravos dessa necessidade de crescimento. Por estas e por outras é que o PIB de Singapura, depois de cair em 2009, vai crescer em 2010 mais de 9% ! É também por isso que tenho ficado encravado na AYE para Tuas de manhã: o trânsito está consideravelmente mais pesado do que há uns dois anos atrás...


Outra consequência deste vício do crescimento é o acumular de exlibris, que se sucedem ao ritmo dos mega-empreendimentos que vão surgindo. Nesta foto consegui apanhar simultaneamente o mais antigo (o Merlion e o seu jacto de água), o mais recente (a Singapore Flyer, uma espécie de Big Eye como o de Londres, mas maior) e o futuro exlibris, o gigantesco Marina Bay Sands de que vos falei à pouco. Só falta um: a cupula com a forma do fruto "durian" do Esplanade Theaters in the Bay, que estava ali mesmo ao lado, um pouco à esquerda e para trás da minha lente. Muito bonito. Mas o que me estava a apetecer mesmo ver este fim de semana era a Torre de Belém...

Concorrendo com Macau

Num passo que muito me surpreende e que acho que o Asteróide já referiu no passado, Singapura rendeu-se à tentação do Jogo. Na Ásia é incontornável: os nativos destas paragens são de facto "apanhados" pelo jogo e qualquer metrópole cuja intenção é manter-se no topo da onda de crescimento furioso que assola estas paragens vê nos casinos uma opção óbvia para gerar receitas astronómicas e fomentar o turismo. Resulta este passo no estratosférico conjunto arquitectónico que aqui vos apresento, o Marina Bay Sands.´Albergará em breve um dos dois únicos casinos autorizados a operar em Singapura. O outro, na Ilha de Sentosa, abriu recentemente, já este ano. O Casino do Sands e a primeira fase do hotel com 2500 quartos serão inaugurados daqui a dois dias (as três torres de cinquenta e cinco andares cada, com o SkyPark no topo, que se destacam na foto que tirei do lado de cá da baía, do Fullerton One). No sopé, para além do bloco de casino (provavelmente o maior do mundo, com mil mesas de jogo e mil e quatrocentas slot machines...) encontra-se também um centro de convenções e outro de espectáculos, assim como o Art-Science Museum (à vossa esquerda na vossa foto, uma espécie de "cebola" ainda em construção. Vale a pena espreitarem o filme no site do Sands, clicando aqui e depois carregando em Play Video. O SkyPark é o mais impressionante, os "jardins suspensos" e piscina no topo das torres de hotel, cerca de um hectare de parque... 300 metros acima do chão!

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Eyjafjallajokull trama 20.000 tugas em Singapura...


E só não trama 20.001 porque não quero ir a lado nenhum por enquanto (e quando for, a 2 de Maio, vou para Toquio, pronto, lá os vulcões estão a dormir...). 'Pera lá, não estavam a perceber quem é o Eyjafjallajokull? Smokie para os amigos? Em Islandês soa como ˈɛɪjaˌfjatlaˌjœːkʏtl̥', e falo do agora famoso aquele-que-não-se-pode-dizer-o-nome vulcão que deu cabo da vida dos viajantes por todo o mundo. Aliás, ele nomes por esta altura deve ter muitos, todos eles pitorescos. Só aqui em Singapura houve uma multidão de 40.000 passageiros bloqueados, a maioria no aeroporto a cheirar mal dos pés e a inventar nomes para Smokie, esperando poder voar para os seus destinos na Europa logo que o dito cujo deixe.
O que me deixou espantado foi ter chegado à conclusão, após uma breve sondagem numa amostra de quatro passageiros (as quatro senhoras da foto), que metade dos 40.000 sofredores eram portugueses! Na realidade, das quatro senhoras apanhadas em sofrimento pela reportagem do Straits, duas eram portuguesas (as duas da esquerda)! A D. Orlanda Laranjo, em cima, vai soluçando, enquanto a outra senhora tem cara de estar a explicar os vários nomes novos que já pôs ao Smokie. Não é para menos, porque farta de esperar decidiu dar a volta ao mundo pela África do Sul para conseguir chegar a Portugal sem passar pelos céus fumegantes da Europa Central...

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Crime, crime, crime... de novo!


Em "Crime, crime, crime: o caso do terrível chihuahua malaio" choquei os quatro leitores que leram esse post com a realidade atroz do crime em Singapura. Os últimos dias têm sido assolados por este flagelo de novo, pelo que não resisto a fazer um apanhado de mais uns quantos casos de polícia fisgados nos jornais nos últimos dias. É de facto uma sociedade vergada sob o fardo do crime... Senão vejamos: O gordalhucho jovem da foto, depois da sua escola perder um jogo de râguebi, pregou um soco na penca do fininho da foto logo por baixo, que está com cara de ter apanhado, de facto. Parangonas em todos os jornais durante três dias... Noutra notícia, o selecto The New Paper (uma espécie de 24 Horas de olhos em bico...) dedica meia capa ao pungente apelo dos moradores de Changi, ali para as bandas do aeroporto, que pedem encarecidamente aos travestis que deixem de ir para os seus vãos de escada fazer, bem, aquilo que está no título, deixando um rasto de preservativos usados para trás. Não se faz, até porque sodomia aqui dá prisão... Entretanto, enquanto o gordo ia aos fagotes ao trinca espinhas e um bangladeshi rebarbado ia, bem, aí mesmo, a um travesti tailandês em Changi, o Sr. Ramshah Mustafa, de 47 anos, era apanhado por a empregada ter descoberto uma câmera escondida na sua casa de banho . O juiz não acreditou que a intenção era saber se a "made" mantia bons hábitos de higiene, pelo que o Sr. Mustafa foi passar três semanas à prisão...

É uma sociedade aterrorizada. Por estas e por outras o Estado prefere aqui ter mão pesada: à entrada de um estaleiro um dia destes, deparei com um cartaz que declarava a proibição de colher fruta das inúmeras árvores de frutos tropicais que se multiplicam por toda esta verdejante urbe. Dizia o cartaz: "Porque é que ele está aljemado?". Depois explica: claro, tinha colhido fruta num local público... E elabora: a) multa superior a 1.000 EUR; b) Prisão > 3 meses; c) 3 a 8 chibatadas... Perdi completamente o apetite por manga...

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Mil contos por uma passa...

Mil contos... ou a forca: depende do tipo de passa! Estou, como imaginam, de volta a Singapura. O cartãozinho simpático acima reproduzido é entregue ainda a bordo, antes de aterrar. Agora já não sou um "nativo" com visto de residência mas sim um simples turista de passagem, pelo que recebo os papelinhos brancos para preencher à chegada, junto com o aviso acima: se traficar drogas, zip. Se for fumador e trouxer uns maços refundidos na mala, comprados no free shop de Kuala Lumpur ou Frankfurt ou seja lá de onde for que venha, a um terço do preço que os posso comprar em Singapura: multa de 10,000.00 SGD, ou seja, uns 5.000,00 Euros dele. Claro que poderia declarar os maços de cigarros e pagar o imposto correspondente, o que os tornaria mais caros do que comprados na Orchard Road em Singapura. Mas não é para isso que a malta refunde maços nas malas! Se se for reincidente na brincadeira e os maços refundidos forem muitos, para além da multa vai-se de cana. Talvez aí se possa fumar descansado por uns tempos...


Ainda bem que já deixei de fumar. É que apesar deste tipo de folclores gosto muito da Cidade do Leão, a minha segunda casa... Principalmente agora, que já não tenho de pagar caro pelo vício...