sábado, 29 de setembro de 2012

Horizonte longínquo

Confesso que gramo os horizontes americanos... O Asteróide deu um pulinho a Raleigh, bonita terra. E desta vez conseguiu alugar um carro de jeito no aeroporto. O que aqui chamam um "mid size", que no meu caso deu num VW Passat... A 22 dólares por dia!

Só faltaram os passarinhos...

O aeroporto de Charlotte (na Carolina do Norte) é bem agradável. Por lá fiz escala ontem, entre Dallas e Raleigh. Além das cadeiras de baloiço sob as árvorezinhas também proporcionam wifi de borla, que me permitiu partilhar o momento no Facebook. Com um dia de atraso chega agora ao Asteróide, para que este não deixe de registar todas as paragens da sua rota.

Alma precisa-se

A foto, tirada no aer
oporto de Dallas Fort-Worth ontem, anuncia o fim do capitalismo material. Fabricar algo e vendê-lo sem nenhuma "alma" associada (por "alma" quero dizer, por exemplo, a emoção associada aos iphone e ipad) é algo cujo preço converge para zero. Câmeras fotográficas, telemóveis e todo os tipos de gadgets electrónicos podem ser sacados desta "vending machine" da mesma maneira que uma coca-cola ou uma barra de chocolate e quase ao mesmo preço... Bom, na verdade nem olhei bem para os preços. Mas sem dúvida que quem vende algo fabricado tem de lhe associar uma "alma" se não quiser ser esmagado pela eficiência dos mercados... Pelo menos na América.

domingo, 23 de setembro de 2012

Concorde forever!

Nem tudo foi mau em Heathrow ontem. A minha fiel Canon apanhou um passarão que julgava extinto: o Concorde ainda vive!

Heathrow sem emenda

Este Sábado de manhã eu já estava amuado por ter perdido a ligação em Londres. A culpa foi da Qantas e do seu A380 que já vinha atrasado de Melbourne quando o apanhei em Singapura. Mas o resultado foi ter de gramar dose dupla de segurança em Heathrow, primeiro no Terminal 3 onde era suposto apanhar um voo BA às sete da manhã para Lisboa, depois no Terminal 1 para onde me recambiaram para apanhar um voo da TAP para o mesmo percurso. Cheguei à Portela passava das três da tarde...

A foto reflecte o admirável sentido de humor dos britânicos, em particular o dos sádicos que trabalham em Heathrow. Uma data de viajantes frequentes ou milionários impacientes estavam como eu na fila do Fast Track, a linha prioritária para passar a segurança. Ter acesso a essa fila, para além de massajar o ego, é suposto fazer-nos passar a provação muito mais rápidamente do que os comuns mortais. Mas desta vez os comuns mortais, apesar de muito mais numerosos, fluiam rapidamente pelas quatro filas acessíveis para passar os raios X enquanto que nós, os tansos na Fast Track, penávamos numa fila única, acabando por demorar mais tempo para passar a inspecção do que os desabençoados. O climax foi quando abriram mais uma fila para o público em geral, fazendo a malta da Fast Track uivar de indignação! A foto foi a cereja no topo do bolo: não faço ideia do que na realidade queriam dizer, mas parece que estavam a gozar o pagode...

O circo está de volta

 
Na sexta-feira deixei para trás a Malásia e regressei a Singapura, onde passado uma horas apanhei o meu voo de regresso a casa. Já a caminho do aeroporto a Fórmula 1 estava por todo o lado, desde o trânsito condicionado aos jornais e placards. Fica a foto tirada a caminho já de Changi, que me lembrou que passou um ano desde a corrida do ano passado. Este ano não tive tempo de entrar em órbita nem de fazer figura de tolo...

Terras do sultão que nos tramou



De Singapura para a Malásia é um pulinho, à distância de um cacilheiro ou de uma travessia de uma ponte (há duas disponíveis). Deve-se evitar a fronteira no sentido Malásia - Singapura todas as manhãs quando uma horda de trabalhadores nas suas zundapps V50 (as motos serão de todas as marcas e maioritariamente japonesas, só uso o termo zundapp como analogia para o leitor português...) inunda a cidade-estado vinda de Johor Bahru, a cidade siamesa de Singapura do outro lado da fronteira. Vão trabalhar nos estaleiros, na construção civil e em todas as outras frentes de labuta onde nenhum singapurense está disponível para batalhar e para as quais se necessita qualificação para lá da que se encontra na força de trabalho chinesa, indiana, nepalesa ou bangladeshi que se importou e mantém armazenada nos dormitórios das imediações dos estaleiros. As motos parecem um tsunami e espalham-se pelas impecáveis autoestradas de Singapura como uma instantânea enxurrada. O incauto turista ou viajante de negócios também deve evitar a mesma fronteira no sentido oposto ao final do dia, onde a maré de força laboral se esvazia em sentido oposto. Os picos das marés dão-se às segundas-feiras de manhã para entrar em Singapura e nas sextas-feiras à noite para sair, pois há quem fique na cidade-rica durante a semana.

Para além da maré laboral montada em motos, temos outras horas de ponta a evitar. Para quem entra na Malásia de carro, como eu na semana que acabou , exige-se evitar as sextas feiras não só pelas motos mas também, e principalmente, pelos carros. Refiro-me aos série 7 (uma espécie de carro do povo em Singapura), Ferraris, Maseratis, Mercedes ou qualquer outro de pinta luxuosa que atravessam a fronteira direitos a destinos de fim de semana, sejam eles praia, campo ou cidade. Muitos deles vão pelo gozo de acelerar as máquinas para lá dos 250 Km/h na autoestrada de 400 km que une Johor a Kuala Lumpur. Por vezes unem-se em matilhas monomarca e não se preocupam se tiverem que untar as mãos a um polícia malaio. O que é isso comparado com o que lhes aconteceria em Singapura! Cordeirinhos em Singapura, transformam-se em lobos assim que cruzam a "causeway"... Claro que nos Domingos à noite as matilhas de alta cilindrada regressam e a fronteira volta a ser uma passagem a evitar.

Johor Bahru, a grande cidade do estado de Johor, não terá melhorado em estado de espírito desde há quatrocentos anos atrás. Sim, Johor foi o sultanato que nos tramou quando se aliou com os holandeses para nos correrem de Malaca e a sua maior cidade é hoje uma "sin city" muçulmana, coisa bárbara de se ver. Corrompida pela riqueza de Singapura ao mesmo tempo que tenta mostrar uma imagem moderna perante o brilho da cidade siamesa (mas tudo menos idêntica...). Aos arranha céus que também ostenta e às vias rápidas labirínticas soma agora a Zon, uma espécie de Docas duty-free com hotéis aceitáveis num "water-front" com restaurantes, bares manhosos e jovens malaias de mini-saia. No entanto tudo tem uma patine desgastada, pouco sofisticada e conservadora que a faz parecer uma caricatura má de Singapura. O meu hotel em Johor Bahru talvez tenha sido de cinco estrelas há muitos anos, com quartos enormes e todo o equipamento e funcionalidades... dos anos oitenta, depois de se avariarem ao longo dos anos e estarem sebentas pelo uso.

Ficam as fotos, não da cidade corrompida (Johor Bahru é a cidade com os mais elevados índices de crime na Malásia) mas sim das suas margens com vista para Singapura, onde o verdadeiro espírito original do local ainda se pode ver nas redes dos pescadores, aparentemente desapercebidos do cimento decadente que cresceu ali ao lado.

sábado, 15 de setembro de 2012

No topo da Lyon City

Ainda não há muito tempo partilhei com vocês imagens e impressões do fantástico Marina Bay Sands, casino e hotel que com as suas três torres unidas no topo pelo Sky Park se transformaram num edifício único do mundo e no novo ex-libris de Singapura. Foi inaugurado em 2010. Mas em Singapura o que é fantástico hoje é ultrapassado amanhã. Não em glamour ou "neck-breaking", o Sands continua único. Mas não já não é o topo... Fica aqui a constatação, ilustrada pela foto manhosa que tirei com o Blackberry no bar no topo do 1-Altitude. Nunca pensei olhar para baixo e ver as torres do Sands!

Com o fogo não se brinca

A frase em título ilustra bem o cuidado extremo com que o governo de Singapura trata as questões religiosas. Com pinças: equilíbrio entre todas as práticas religiosas (bem, pelo menos entre as monoteístas "mainstream"). A começar pelos feriados, budistas, cristãos, muçulmanos e hindus (dois para cada, sendo Natal e a Páscoa os do lado cristão). E a acabar nos quartos de hotel... Só me espantou não encontrar o Corão junto com os outros na mesa de cabeceira. Deve haver alguma razão, talvez não seja de bom tom em hoteis, e não se pode brincar com o Corão senão aparece logo uma turba a queimar-nos embaixadas em qualquer lado. E o que era um post alegre e respeitoso entristeceu um pouco, ao lembrar que uma das práticas religiosas potencialmente mais belas está no presente a ser corrompida por extremistas e a ser pasto da pobreza que grassa em muito dos países onde o islão é maioritário. Faço votos que um dia possa encontrar o Corão também na minha mesa de cabeceira. Se isso não for pecado.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Subitamente, entre um bolo de arroz e um brownie...

...apareceram-me estes pastéis de nata. Está cumprido o desejo do nosso Álvaro, internacionalizámos os ditos! O negócio do pastel de nata singra pela mão do Cafe Nero, pelo menos no aeroporto de Manchester. Inglaterra hoje, o mundo amanhã! Infelizmente, penso que o nome da nação se espalha graças à habilidade dos ingleses em cuscar a receita no Google e não pelas artes exportadoras de Portugal... Pela via das dúvidas escolhi o brownie.