sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Comprar até cair para o lado

Ion. É com este nome com sabor a Matrix cinematográfica que mais um super flash shopping foi inaugurado em Singapura. Tal como mais uns 523 shoppings que deve haver por aqui, todos bem flashie e metade deles na Orchard Road, este também tem lojas das marcas mais queques: Prada, Dior, Gucci, Louis Vuitton, Armani... E não se trata das imitações de Bangkok! O que tem de mais diferente (partilhado apenas com outros 3 shoppings, por uma questão geométrica...) é que se encontra exactamente num dos cantos do cruzamento da Orchard Road com a Scotts Road, o mais disputado espaço comercial aqui do burgo. Uma chatice este mundo só ter 3 dimensões, o que faz com que os cruzamentos apenas disponham de quatro esquinas, por mais valiosos que sejam... No entanto eu ainda sou do tempo em que em vez do Ion se encontrava um jardinzinho bem engraçado, que se enchia de "mades" filipinas na sua folga de domingo, a vender calças de ganga da candonga e a comer bolos embrulhados em guardanapos, enquanto os bangladeshis pairavam por ali com ar guloso, saidos dos estaleiros com o seu fato domingueiro e as sandálias a dar e dar. Agora para comprar uma porra dumas calças no mesmo sitio teria de pagar umas cem vezes mais!

O mercado montanha russa

A euforia voltou à bolsa. Aqui na Ásia, e em Singapura em particular, os ciclos de "boom-and-bust" ocorrem de forma mais cavada mas também mais rápida. Quando aqui cheguei em 2006 aluguei um apartamento por 2500,00 SGD (cerca de 1250 euros) com contrato de arrendamento para dois anos. Nesse período de dois anos que terminou em meados de 2008 ocorreu um grande crescimento da economia local, que o meu senhorio aguentou estóicamente, roendo as unhas e rezando para que me fosse embora quanto antes. No final do contrato eu teria de passar a pagar o dobro (5000,00 SGD) se o quisesse renovar de novo! O pobre senhorio teve azar, porque entretanto eu estava de volta a Portugal... Mais tarde veio a crise de 2008/2009 e as rendas caíram a pique de novo. Agora estão outra vez em alta, o que é fácil de explicar se atentarmos à forma como a bolsa, depois de bater no fundo em Março passado já está agora de novo em grande, com o máximo anual a quase duplicar os indíces de Março, um par de semanas atrás! Singapura é uma economia completamente exposta aos ventos da economia global, para o mal e para o bem: assim como o PIB caiu mais que em qualquer lado das economias Ocidentais, está agora a crescer de novo nos dois dígitos...

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Algarve no Algarve

Foi preciso chegar o Outono para me escapulir aos aviões e à gravidade intensa que a minha recém-nascida costela de lavrador tem exercido no Asteróide, pregando-o a uma piscina com vinha ali para os lados de Palmela quando não está a voar para o outro lado do planeta. Apetecia-me algo como o Algarve no Verão, que este ano me tinha escapado inteiramente. E que melhor sítio para nos reencontrarmos com o Algarve que o próprio "Ocidente da Andaluzia" moura, Al-Gharb dos nossos antepassados? E assim passei o fim de semana prolongado do 5 de Outubro no meu Algarve de menino, a dois e com os miúdos empandeirados para outras paragens. Ficámo-nos ali para os lados do Carvoeiro e arredores, a banhos entre a Praia da Marinha e a da Sra. da Rocha, passando por Benagil ou comprando vasos em Porches enquanto evitava colocar a t-shirt para não me arranhar com o sal, ouvindo as cigarras, comendo um marisco na praia ou mergulhando na àgua mais quente do ano. Delicioso, sem par. Por mais que se tenha estragado ao longo das últimas décadas e mesmo raiando o insuportável em muitas zonas durante o pico de Agosto, o Algarve ainda se deixa cheirar e sentir da mesma maneira que o fazia para este menino nos idos da década de 70. Pelo menos nos fins de semana de Outono...


Deixo-vos com uma foto da Senhora da Rocha, um dos cheirinhos a Algarve que resistem ao tempo. Desta vez até Singapura, de onde vos escrevo, parece mais enfadonha ao relembrar o nosso sol...