sábado, 25 de fevereiro de 2012

Doce casa

Évora, muitos anos atrás, soaria como um remoto passeioa um sítio exótico. Hoje, para quem regressa da Coreia depois de um 'saltinho' às Ásias para atender uma reunião de duas horas e voltar, é casa. Doce casa. Magnífica Praça do Giraldo, maravilhoso sol, opípara comida. Hmmm...

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Paz à sua alma...

Agora é que foi. A minha amiga, inestimável companhia de órbitas. Já antes a sua morte fora anunciada, para afinal e contra todas as evidências acabar ressuscitada por um misterioso faz-tudo no Vietname. Foi preciso chegar ao ano da graça de 2012 e ao aeroporto de Seoul na Coreia do Sul para a minha fiel Canon me deixar de vez.
Acabava de deixar o A340 que me traz de Busan a caminho de Munique, nesta inesperada escala de uma hora sem Seoul. A última foto foi, muito apropriadamente, na placa do aeroporto, apontada à torre de controle, segundos antes de aportar à manga. Metida apressadamente no bolso, ela e as suas cicatrizes, peladas, arranhões, acabou por me gritar que chegara o fim. Quando a tirei do bolso já não reagiu ao último aperto... Nada. Tira bateria, põe bateria, acende-se uma luz vermelha intensa num sítio que nem sabia que tinha lâmpada. Nada.
Fica aqui orgulhosamente a sua última pose. E o epitáfio.
"Canon de todas os sítios do mundo. Nasceu em 2006 em Singapura, na Sim Lim Square (local que está para as cameras electrónicas como a Maternidade Alfredo da Costa está para os Portugueses...). Faleceu no aeroporto de Incheon, Seoul, na Coreia do Sul. A 23 de Fevereiro de 2012, perto da porta 122 onde posa pela última vez. RIP"

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Recebido com um Kiss em Pusan, Busan, ou lá como se chama este sítio...

Esta vista do meu quarto no Novotel Ambassador em Pusan (também conhecida por Busan...) pode não dizer tudo, visto que se consegue ver uma improvável linha de praia, aqui escondida na ponta leste desta (grande) cidade. Até parece que o sítio é minimamemnte decente.
Pois não é. É uma das cidades mais feias que já vi, aquela que entrevi através das janelas sujas do autocarro que me transferiu do aeroporto para cá. Um Cercal a multiplicar pela Amadora, subtraindo Polis e dinheiros da CEE, tudo isto multiplicado por mil. Uma mistura desordenada de casitas malfeiosas de outros tempos e grandes torres cinzentas de apartamentos. Aqui perto uma 'city' toda modernaça não chega para apagar a má imagem, apesar dos vidros brilhantes dos arranha céus e das lojas posh cá em baixo. Até o Novotel não consegue melhor que me presentear com quartos sem wifi (pelo menos ligo o laptop com um cabo...) e a precisar de renovação. Agora estou perto do lounge do hotel, num restaurante onde depenico um arroz frito à indonésia para matar saudades de outro tempo. Aqui sempre há wifi e posso mandar este post pelo iPad. E sabem que mais? Está frio para cacete aqui, esta gente nem sabe aquecer o hotel!
Positivo, contudo, foi ser recebido por um Kiss. Refiro-me claro ao vanguardista sistema de controle de entradas ao passar pela imigração no aeroporto. K-i-s-s significa Korean Immigration Smart System, tem direito a rótulo com logo e tudo ali no guichet onde a menina de serviço me fez colocar os indicadores na digitalizadora de impressões digitais e olhar para a câmera para o fotomaton da praxe. Nessa altura já eu pensava 'mas qual é o raio da smart, perdão, esperteza nisto tudo?!'. Foi então que vi o que diziam as letras no pequeno ecrã digital por cima da câmera: 'Por favor olhe para a câmera'. Assim mesmo, em bom português! Hé léca!

Um oásis de delicadeza: a terra do Sol Nascente

É uma pena só passar por estas paragens de raspão. Mas quer há dois anos passando por Tókio quando voei de Singapura para Houston, quer agora em Osaka, a minha passagem é tão fugaz quanto a necessidade de sair de um avião e apanhar o próximo. Hoje apanham-me aqui acabado de aterrar vindo de Frankfurt, onde uma greve dos alemães não me fez mossa (que raio, greve dos teutões!?), esperando para embarcar para Pusan (aka Busan...) na Coreia do Sul, meu destino final esta semana. Sobrevoei toda a Russia e posso dizer-vos (se não sabiam já) que é MUITO grande. Depois passei por um pedaço de China, raspei pela Coreia e aterrei em Osaka, depois de umas belas vistas das costas japonesas e de pelo menos uma megalópolis. O aeroporto, que podem ver na foto do Google Maps que colei neste post, está onde eu estou, ou seja, onde o iPad diz que estou: uma bolinha azul no canto inferior esquerdo. É daqueles aeroportos engraçados para quem gosta de aterragens fixes, todo ele no meio do mar.
Mas deixem-me voltar à intenção inicial: falar-vos do oásis. As minhas duas meteóricas passagens pelo Japão foram experiências que nada têm a ver com o stress habitual de qualquer outro aeroporto (bem, Changi em Singapura também não é mau...). Ao desembarcar segui a carneirada, sem necessidade de hesitações porque o caminho era só um e incluia um passeio de monorail. Ao chegar ao edifício principal, em vez de sair para a imigração aponto para as transferências internacionais. Ali estava eu, só eu, a máquina de raios X, três funcionários e todo o tempo do mundo. Uma moça e um moço de serviço revezaram-se para me ajudar a colocar tudo nos tabuleiros, e depois a voltar a pôr tudo no sítio, enquanto o colega olhava para o ecran, sorrindo também. Uma paz... Depois foi seguir as setas, fazer escala para um xixi num sítio imaculado, tomar a minha bica num Starbucks e apanhar o monorail de volta à zona da minha porta. Sempre, sempre, servido por sorrisos algo tímidos e uma calma total. Nada da selvajaria de Heathrow, das corridas intermináveis de Frankfurt, do alheamento gringo em qualquer aeroporto (e para lá dos aeroportos...),da rudeza chinesa, da confusão sul-americana. Só paz. Simplicidade. Tempo. Espero poder um dia ficar mais um bocadinho. Agora tenho de ir, o voo 732 da Korean Air espera-me.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Escatologicamente chez Monaco

Numa breve pausa entre o fim de uma reunião e o marchar de volta ao aeroporto de Nice, tive tempo para comprar uma água no Mc Donalds perto do Jardin Animalier du Monaco e alcandorar-me num jardinzinho sem nome ali mesmo ao lado. Desse local sobre a Avenue Albert II sentimo-nos de certo modo especiais sob o olhar do palácio dos príncipes aqui do burgo, ali no alto de um promontório, do outro lado da enseada pejada de iates ancorados no Quay Jean-Charles Rey. A água soube bem, o sol brilhava e com um bocado de sorte uma princesa qualquer importante estaria à janela a olhar para aquele desconhecido a tirar fotos como um japonês.
Foi então que vi o pombo. Já percebi que vocês ainda não viram o pombo porque ficaram de boca aberta a ver um gajo nu de cócoras a fazer algo que não devia num jardim público, ainda para mais no Mónaco e a olhar para o Palácio do Principado. Mas por favor olhem uma segunda vez e verão um pombo, solidário, também a fazer força. Pousado em cima da cabeça do badalhoco e a olhar para o fotógrafo...
Perguntarão então: mas qual é o raio da mensagem que este post pretende passar? Uma pergunta muito interessante para a qual não tenho resposta. Os posts do Asteróide saltam para a net sem desculpa ou intenção, provocados por um evento ou uma simples imagem mais estranha. Depois logo se arranja qualquer coisa para escrever... No entanto deixem-me partilhar um título alternativo para este post: Coprologia A La Monaco. O português é muito traiçoeiro e portanto quero estar seguro que vocês percebam que este post trata de fezes, e não do fim do mundo... Se agora ainda percebem menos vão à Wikipedia ou ao Google e procurem por 'coprologia' e por 'escatologia'...

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Mestres da oportunidade

Lá no sítio onde o Asteróide repousa das suas órbitas (digo 'lá' porque estou no aeroporto de novo prestes a embarcar...) o fim de semana passou-se gelado. Mas ao pôr o nariz de fora, para espreitar a vinha onde o meu amigo e vizinho Mr. Z. arava, deparei com este espectaculo. Ao ouvir o tractor as garças acorrem em grande número: almoço! Elas sabem bem que a terra revolvida vai expor milhares de saborosos organismos da terra, minhocas, insectos e até umas rãs fugidias. Faço votos, no meio de tanta crise, que tal como as garças possamos ver no arado uma oportunidade...

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

A Estrela Solitária

Hoje o dia esteve cinzento e chuvoso em Houston. Chuvinha muito bem vinda por estas paragens, pois a seca tem imperado nos últimos meses. Mas não deixa de ser uma chatice: como em qualquer outra cidade do mundo, chuva significa empandeirar o trânsito por todo o lado... E "todo o lado" por aqui significa centenas de quilómetros de cimento pendurados uns por cima dos outros com longas filas de carros, lado a lado aos cinco ou seis. Enfim, lá cheguei a tempo a todos os ítios que queria, menos mal.

Esta observação metereológica não tem nada a ver com o que queria partilhar hoje, apemas se atravessou neste post porque a foto que escolhi hoje para ilustrar a prosa é cinzenta e melancólica. Como sempre nestas fotos que de repente me entram pelos olhos antes de serem fotos, fazendo-me disparar antes de pensar, a foto é abaixo de má. Mas depois de recortada sempre ficou ajustada ao que vos queria dizer: o Texas é único...

O Texas (dizem-me os cowboys aqui do sítio, que não são inteiramente de confiar...) é o único estado dos EUA cuja bandeira é colocada orgulhosamente à mesma altura da bandeira da nação america, a famosa "star & stripes". E com o mesmo tamanho, o que aqui significa um lençol do tamanho de um estádio de futebol. Significativo... Isto e o facto de as matrículas se gabarem da bandeira que têm: todas dizem "Texas -The Lone Star"' aludindo à única estrela do estandarte, em fundo azul ao lado de duas faixas, branca e vermelha. Querem os texanos com isto dizer que não são apenas mais um estado. São o Texas, uma nação por si mesma, uma estrela que nem precisava de se juntar ao maralhal e que apenas o faz por especial favor. E quiçá condicionalmente...

Eu cá acho bem. Como quiserem. De uma maneira ou outra amanhã piro-me e se tudo correr bem na quinta-feira de manhã já estou regalado, abraçado a uma esfera armilar...