segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

380,000.00 USD

Escrevo estas linhas a partir da porta D3 do Terminal 2 do aeroporto de Raleigh-Durham, prestes a embarcar para Houston. São 5:15 da manhã, como se vê pelo ar sonolento da foto. O aeroporto parece novinho em folha. Os lounges ainda não tinham aberto quando cheguei e aqui na porta o wi-fi paga-se, pelo que este post só irá para o Asteróide quando me conectar de novo,mais tarde em Houston. Julgava que me esperava um voo rápido, afinal partida e destino ficam alinhados mais ou menos à mesma latitude. E nem Raleigh é na costa do Atlântico, nem Houston é no Pacífico (na realidade até se liga ao Golfo do México, ainda do "nosso" lado do mar). No entanto o voo vai durar 3 horas e 15 minutos... Mais do que de Lisboa a Londres. Aliás, quase que dava para chegar de Lisboa a Oslo!
Não há dúvida que este país é grande... E para o provar nada como o número em título: o valor médio anual do total de trocos esquecidos nas máquinas de raios X dos aeroportos nos EUA. E soube-o de fonte seguro, o cuidadoso funcionário da FAA que me ajudou a rapar os meus cêntimos do fundo do tabuleiro, depois de passar a segurança. E isto sem contar com os cintos, iPhones, iPads, perfumes, desodorizantes e demais gadgets e 'necessaires'. Só os sapatos é que a malta tende a não esquecer...

domingo, 29 de janeiro de 2012

Raleigh a cores

Fico adepto dos Wolf Pack. Ou seja, da cidade de Raleigh e da sua North Carolina State University, onde 'Matilha' é o nome que dão às suas equipas desportivas (pelo menos à de basquetebol...). Deixo-vos com um album de fotos deste fim de semana, com destaque para o muro e o túnel à disposição dos criativos inconformados aqui do sítio. Aqui em vez de se 'okuparem' os sítios, pintam-se os mesmos... De novo, e de novo, e de novo. A arte é fugaz (que o diga um grande amigo, que aqui passa a pé todos os dias para deparar sempre com uma nova pintura...), mas por isso mesmo será mais rara. E sempre se vende mais tinta!

Numa tasca brava com uma Sagres na mão

Apesar do título e da foto, não estou por enquanto de volta a casa. Nem sequer em território de 'nuestros hermanos"... Por incrível que pareça a Tasca Brava, onde ontem jantei em excelente companhia, fica no 607 da South Glenwood Ave em Raleigh, North Carolina. O dono deu ares de ser um espanhol dos sete costados, ao ponto de parecer ofendido quando lhe pedi uma Corona: "não, não, isto é um restaurante espanhol, nada de cerveja mexicana!". Mas não é que tinha Sagres!? Justificou-se o nosso amigo dizendo que "ó, mas os portugueses são os nossos irmãos!". Pareceu-me até que a voz se lhe embargou... Foi assim que bebi uma Sagres num sítio improvável, declinando o Muralhas de Monção que também descobri no cardápio e degustando como entrada um "portuguese papo seco"(sic) quentinho. Com manteiga.

Sweet Home

Cheguei à Carolina do Norte na sexta-feira e a relação com o título pode ser uma de várias. Por exemplo porque a capital do estado, Raleigh, é agora a casa de alguém muito especial para mim. Ou porque estou cansado, com saudades da minha casa e farto de órbitas. Ou ainda por causa do carro que escolhi em Nashville para cavalgar as 500 milhas e nove horas que me levaram a chegar ao destino na Carolina do Norte. Tinha quatro full-sizes à escolha (nome que os rent-a-car dão à classe das banheiras...), todos horrorosos Chevrolet Impalas. Escuros, lúgubres, tremendamente espaçosos mas com motores de seis cilindros com tecnologia que já não se usa. De todos acabei por escolher o único com matrícula do Alabama, para fazer jus ao título. O Estado do Alabama é identificado em todas as matrículas aí emitidas com 'Sweet Home'. Muito apropriadamente...

O 'Sweet Home' Chevy do Alabama trouxe-me então à Carolina do Norte, 'First in Flight'. Tal como a foto mostra, o estado da Carolina do Norte gaba-se em todas as matrículas por ter sido a pátria onde os irmãos Wright efectuaram o voo inaugural da História da aviação. Para além disso têm também o bom senso orçamental de vender matriculas personalizadas a quem tiver dinheiro para as comprar. Foi o caso do dono do Porsche Cayenne aqui ilustrado, seguramente vaidoso com os cavalos que tem para mostrar...

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Tornado land

O dia amanheceu mais compostinho aqui em Nashville, mais propriamente em Davidson Country onde ficam os resorts (chamam-lhes assim... ) para os turistas que por aqui desembarcam para se verem imersos em country music durante uns dias, vá-se lá saber porquê...
Para além da country music, esta zona conta com a sempre fiel colaboração das generosas tormentas que se formam nesta altura do ano. Daí que a manhã estivesse "mais compostinha": o comparativo aplica-se à noite, que terá sido pavorosa devido a um tornado que passou aqui por perto pelas duas da manhã. Eu estava ferrado, não sei de nada. Só de manhã reparei que um dos papeis que era suposto ter lido ao dar entrada no hotel dizia que 'esta é a época dos tornados, bla, bla, bla, obedeça imediatamente se o mandarem fugir, bla, bla, bla, em caso de alerta mantenha a tv no canal 3 para ver o caminho que o tornado leva, bla, bla, bla e, se o dito bater à porta, fuja para a casa de banho, que é o único lugar deste enorme hotel onde eventualmente poderá ficar a salvo. E nem de propósito... Os meus colegas ao pequeno-almoço contavam excitadamente as suas histórias nocturnas, como tinham sido acordados pela recepção por um telefonema para fugirem para o wc, para depois voltarem a ser chamados por telefone para aliviar a coisa e mandando-os de volta para a cama. Um amigo inglês relatou como calmamente retirou para o wc em cuecas, junto com o lap top, o blackberry, o whisky que estava a beber e a bolsa com os pacotinhos de chá que fielmente o seguem nas suas viagens.
Não sei se me telefonaram ou não, o certo é que não me assistiu nenhum medo da coisa... Coisas de quem anda cansado de tanto voar.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Graças a Deus pelo A330...

Desta vez não me refiro ao 'A' de Asteróide mas sim ao abençoado Airbus 330 que está prestes a descolar da Portela com destino a Newark, a caminho de Nashville. Sempre se vai menos mal, com video on demand e bancos-cama decentes, comparados com a alternativa... De facto conforto é coisa que 'não me assiste' no decrépito A340 que me calha na rifa de vez em quando nesta rota... Até já.

sábado, 21 de janeiro de 2012

A nação que não me larga


Inaugurou-se o céu em 2012 com um pulo à Velha Albion esta semana . Foram três dias enterrado em Bolton. Um sítio esquecido pelo São Pedro, que parou um dia por aquelas bandas para urinar e esqueceu-se do pirilau por lá quando se veio embora. O sol não deve aparecer mais que três dias por ano naquelas paragens dos arredores de Manchester. Sorte a minha: um desses dias foi na segunda-feira, quando lá cheguei! Foi possível assim ver o sol, apesar de desmaiadito, a iluminar a Portugal Street que vos deixo na foto. Para além do nome e do sol por perto, mais nada da ruela ladeada de paredes de tijolo vitorianas faz lembrar a nossa casa. Mas é sempre reconfortante saber que Portugal está ao virar da esquina, principalmente quando estamos a bulir fechados a pouco mais de duzentos metros num sítio lúgubre, torres com paredes escuras e severas da antiga fábrica de algodão do século dezoito que se transformou em poiso esporádico deste tuga.

Talvez esta introdução tristonha a esta semana se deva ao estado de espírito político-económico. Logo na primeira órbita anual do Asteróide a nação, dorida e lamentosa, não deixou de se fazer ouvir. Começou logo à partida, cobrindo de nevoeiro a Portela e assim atrasando o voo para Manchester duas horas. Continuou ao saltar para a toponímia de Bolton, como quem diz "coitadinha de mim Lusitânia de Algarves e Indías, aqui tão isolada na selva de tijolo a tremer com dois graus abaixo de zero". E culminou já à vinda, quando berrou a partir da primeira página do Financial Times: "tou à rasca!". Ter a bandeira na capa de um jornal tão lido nos lounges dos aeroportos poderia ser motivo de orgulho. Mas infelizmente não anunciava a conquista do campeonato do mundo, nem que dobrámos primeiro o Cabo das Tormentas, nem que o Mourinho é bom e o Ronaldo ainda melhor. Não, o FT foi possuído momentaneamente pela minha nação para comunicar: "estou falida"!