quinta-feira, 20 de maio de 2010

Para onde vai o PIB

Também existe vida em Singapura "para além do orçamento" (onde é que já ouvi isto?)... Ou seja, para lá dos números da pujança económica revelados pelo PIB. O velhote da foto (tirada num recanto da cidade onde um bairro de casas antigas ainda subsiste rodeado de prédios enormes) não terá a mesma visão de Singapura que eu. Olhará em volta e verá algo mais parecido com o que vê a maioria da população: velhinhos pobres, puxadores de riquexó magrinhos, mulheres a dias feias, trabalhadores nine-to-five que passam horas a comutarem-se casa-trabalho, enchendo todos os dias os transportes públicos, jovens em part-times nas lojas, donos de chafaricas a vender refeições por euro e meio nos food-courts...


Uma maneira interessante de olhar para o que se esconde debaixo do PIB, é saber quem fica com ele, o tal "rendimento" gerado pela nação. O que se segue foi lido há dias no Straits Times, o Orgão Oficial aqui do burgo... Não fiquei com o recorte, portanto os números são vagos... voltando ao Produto Interno Bruto de uma economia nacional, esclareça-se que os destinos deste rendimento são três: lucros para as Empresas, impostos para o Estado e renumerações para os Trabalhadores. A distribuição deste rendimento pode dar uma ideia do grau de evolução de uma sociedade: países mais evoluídos (e de maior PIB per capita) tendem a apresentar maiores percentagens do PIB captado pelos trabalhadores (o Japão parece ser o recordista, com mais de 80%!). Num país do "primeiro mundo" a % do PIB captada pelos trabalhadores aproxima-se ou ultrapassa os 60%, tipicamente. Em Singapura é de apenas 44%... Ao nível de um "país em vias de desenvolvimento". Parte da justificação prende-se com o facto de a indústria local ter acesso a mão de obra estrangeira muito barata que "importa" às carradas do Bangladesh, Índia, China, Nepal, para despejar nos estaleiros, construção civil e outras actividades de mão de obra intensiva.

Na minha opinião esta estatística vai tornar-se mais apresentável nos próximos anos. Nem que seja por o Straits Times já andar a falar nisso...

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