sábado, 5 de janeiro de 2019

Fronteira

Que saudades de fronteiras a sério... Desde as minhas aventuras pelo Leste da Europa nos anos 80 que não me divertia tanto. Finalmente, dão-me importância! Não é como a treta do Espaço Schengen para mariquinhas, que exterminou os carimbos. Por enquanto, a alfândega e controle de passaporte do lado Russo. Mais tarde virá a Mongólia. Ficamos na carruagem e não me atrevo a tirar fotos, claro. Mas tirei antes, e acho que a matrona que ao longe aguardava dentro deste edifício contíguo à plataforma faz parte da tropa que nos invadiu. Não admira que esperasse no abrigo: lá fora o frio aperta: -28C.


Primeiro uma matrona russa inspeciona os compartimentos. Mais tarde, um sorridente russo de etnia mongol voltará a inspeccionar, mais pela rama. Pelo meio dois garbosamente fardados jovens fazem uma primeira inspeção aos passaportes. Segue-se outra matrona, esta de traços mongois e rechonchudinha, equipada com um equipamento cheio de detetores, luzes e leitor de banda magnética que nos despe os passaportes inteiramente até os deixar na sua nudez mais honesta, sem nada porque pegar estes dois tugas. Durante o processo ia recitando uma litania, onde íamos reconhecendo os nossos nomes aqui e ali, da frente para trás e de trás para a frente. Terminou com a ansiada consagração, repimpando dois carimbos em cada passaporte.  Viva! Mas o momento melhor estava para vir. Interessado no meu livro ‘As Rotas da Seda’, um militar russo mais velho e de uniforme verde claro literalmente acocorou-se no nosso compartimento para ficar ao nosso nível (sentados) e, com muita dificuldades no inglês, explicou como a apenas 50 Km daqui um túmulo Huno merecia uma visita. Um momento marcante, interrompido pela matrona senior, que o chamou a outros deveres. Sem foto, infelizmente - oficiais russos não devem gostar de ser fotografados de cócoras quando estão a falar de história.

Sem comentários: