domingo, 13 de janeiro de 2019

1726 Km

1726 qulilómetros foi a distância da linha de comboio que marcou a órbita do Asteróide nas últimos duas noites e um dia de sol a sol. Foi o SE1, ronceiro, que nos levou de Norte para Sul, de Hanoi para Saigão, aqui no Vietname. Nublado no início mas depois com abertas, as primeiras horas após o primeiro despertar encheram-se de verde-arrozal, castanho-búfalo e branco-garça. Sobre as cores dominantes  viam-se pontinhos amarelos (as senhoras de chapéu circular em bico) ou negros (os homens em cabelo) nos seus afãs nos campos. Por vezes semeavam arroz em gestos largos, outras aravam a terra com a ajuda de um búfalo ou tractores onde as rodas eram grandes pás para se aguentarem nas zonas alagadas.
Mais à frente juntou-se o azul-mar. As vistas mais dramáticas estavam guardadas para o percurso entre Hué e Da Nang (uma cidade grande e estância turística de belas praias). Foi um momento marcante, quando vimos o mar de novo depois de tanta, mas tanta, terra, nas órbitas encetadas desde o dia de Natal do ano passado, quando nos metemos num comboio na Gare do oriente em Lisboa. Os quilómetros que antecedem a chegada a Da Nang são feitos a passo de caracol, com o comboio a gemer e a bater enquanto se arrasta a 30 Km/h sobre uma velha linha num morro sobre o mar, entalada entre a muralha verde da selva e o abismo com as água lá embaixo. Lá ao longe vê-se a cidade do outro lado da baía do mesmo nome, aguardando que ronceiramente se percorra todo o perímetro até lá. Aqui e ali esconde-se o areal de uma praia. Por vezes passamos imas casotas onde funcionários dos caminhos de ferro acenam com umas bandeirinhas, a fazerem de semáforos. E aquele comboi que vêem lá ao longe enterrado na selva? É o nosso SE1, uma lagarta interminável, que nas curvas assoma lá ao longe enquanto nos arrasta para dentro do verde para não nos deixar cair no azul. Ficam as imagens, melhores que mil palavras.











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