quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

A vizinha portuguesa

Falo da igreja cristã que intrigava o Asteróide, na nossa rua aqui a dois passos do hotel em Pequim: a Igreja Católica de São José em Wangfujing. Com missas em chinês às seis da manhã e em inglês em dias da semana fora da órbita passageira de três dias, infelizmente não se pôde visitar por dentro. Foi construída pelo missionário jesuíta português An Wensi (provavelmente o nome chinês dado ao nosso compatriota, do qual não consegui saber o nome lusitano) juntamente com um colega italiano. Pregavam pela China em meados do século XVI,  últimos anos da dinastia Ming - um momento excelente para aventuras. Andaram em bolandas, entre exércitos camponeses revolucionários (muito à frente...), príncipes e imperadores de duas dinastias. Encontra-se uma história longuíssima em chinês num comentário ao local no google maps, que pode ser lido numa tradução automática muito aceitável do Google. É daí que tiro estes apontamentos. As aventuras  envolveram o general camponês Zhang Xianzhong, o principe Haoge, o chefe da Missão do Norte dos jesuítas, Fu Panji, o imperador Shunzhi da dinastia Qing e muitos outros. Os nossos dois heróis acabaram por fundar a igreja em 1551. A sua história inclui muito drama também: terramotos, incêndios e guerras. Durante a revolução dos boxers no princípio do século XX, em que a população chinesa se amotinou contra os ingleses, tudo o que era ocidental levou por tabela: deitaram fogo à igreja com muitos católicos lá dentro. Em 1905 estava de novo de pé, com a mesma planta e geometria, graças à iniciativa de da Irlanda e da França. É esse o ano que está gravado na igreja de hoje, que fotografámos hoje de manhã e ontem à noite - com cruzes que parecem ortodoxas e uma estrela de david na árvore de natal. Uma mensagem portuguesa de dialogo ecuménico?





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