quarta-feira, 21 de maio de 2008

Maria Bonita no cimo da ladeira



Não sei o nome da senhora da foto, com quem me cruzei no cimo de uma das principais ladeiras de Olinda, Pernambuco. No entanto, olhei para ela como uma aparição fruto de uma anomalia do espaço-tempo algures em 1938 que tivesse permitido a uma versão de Maria Bonita escapar do cerco que a polícia montou aos canganceiros de Lampião em 1938 (se não perceberem de que estou a falar leiam o post anterior...). De facto a Maria Bonita poderia bem aparecer assim na foto, em 2008, mostrando o único dente que teria sobrevivido à acidez inclemente da vida no Nordeste para a população mais desfavorecida. Apesar de Maria Bonita me ter sobressaltado um pouco quando, ainda sem sorrir, se aproximou silenciosamente como uma sombra a sair do escuro da Olinda antiga, quando tirava fotos do cimo da ladeira, o sorriso que aqui apresento foi, apesar de toda a destruição em volta, uma espécie de sol que revelou tudo o que de feliz se possa ter passado na sua vida. Com o sorriso até a ladeira se iluminou e relembrou a sua fama: sim, porque estamos no exacto local onde todos os anos se festeja aquele que é considerado o melhor Carnaval do Brasil (e portanto do mundo...), com multidões sorrindo como Maria Bonita e descendo esta mesma ladeira em frenéticas ondas de côr, alegria e ritmo, esquecendo por um dia as suas dores...

2 comentários:

Anónimo disse...

João,
Confirmas o Agostinho da Silva: "a definição do brasileiro é um português à solta".
Abraços e caipirinhas!

Eu disse...

Ou talvez o português seja um brasileiro por soltar... Quando chega ao Brasil torna-se poeta! Abraço, Paulo!