sábado, 9 de julho de 2011

O meu limão

Sentimentos de posse e de desenraizamento juntam-se para fazer deste limão algo muito especial. Não é o da esquerda, mais enfezado, é o maior. Este grande limão em projecto já se faz notar há algum tempo. E eu gosto muito dele. Gosto porque é de facto meu: o limoeiro foi por mim plantado, na minha terra, não deu nada o ano passado e este ano traz-me esta prenda. Vejo-o crescer desde que surpreendentemente percebi que existia, umas semanas atrás. Pensava que era mais uma folha daquele limoeiro ainda pequenino, aí com metro e meio de altura, mas aquela textura rugosa começou a saltar demasiado à vista e um dia aproximei-me. Era o meu limão, verdadeiramente meu, crescendo exuberantemente ali mesmo debaixo do meu nariz. E fez-me olhar com mais atrenção para as outras cinco árvores irmãs: laranjas, mandarinas, toranjas, todas aquelas árvorezinhas enfezadas que plantei o ano passado preparam-se agora para me presentearem com os seus frutos dourados. Ainda apenas se vêem bolinhas verdes, em alguns casos bem pequeninas, mas elas vêm aí! Claro que nenhuma tão grande como o meu limão, mas já transbordam de promessas de sumos ao pequeno almoço...

Para além do sentimento de posse (este fruto é muito mais meu do que algum electrodoméstico, carro, jantar, prato ou televisão alguma vez será...), o meu limão também me ajuda a sentir que ainda tenho lastro, âncora. Que para além das pessoas que amo há algo físico e enraizado que ainda me prende a esta terra.

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