domingo, 19 de setembro de 2010

Tail Gate Day




Imaginem que o Direito joga com o CDUL para o nosso campeonato de râguebi. Para aí umas 37 pessoas assistarão ao jogo e o Sr. Virgulino da rolote que estaciona ali pelo estádio Universitário é capaz de vender para aí uns quinhentos escudos de águas de luso. Perdão, dois euros e meio...
Agora cruzem o Atlântico e aterrem no estádio da Texas Christian University como fiz hoje. A amadora equipa da TCU jogava contra a amadora equipa visitante de Baylor, uma universidade que também é cristã e texana. Nada que se pareça com as equipas profissionais, aquelas que jogam campeonatos e chegam à Super Bowl. Ainda para mais, o jogo não contava para nenhum campeonato, parece que estas equipas universitárias se fartam de jogar umas contra as outras apenas para um grupo de peritos apoiados num software maluco possam chegar ao final do ano e as classifiquem num ranking (a TCU é correntemente quarta melhor da nação, o que é excelente).
Que esperar então de tal evento? Nada. Mas o que encontrei não foi um vazio sonolento... Deparei com um campus inteiro, quilómetros em redor do estádio, com os relvados e parques de estacionamento pejados de carros. O estádio, cheio como um ovo com 50,000 espectadores! Uma energia enorme, bandas gigantescas a apoiar cada lado, as cheer leaders a fazer malabarismos, côr, e som, e mais côr. E muito dinheiro: TV a transmitir, merchandising em barda, águas pequenas a três dólares e meio cada (devem ter vendido um milhão destas, estavam 35ºC e humidade de morrer...). O Sr. Virgulino havia de ficar com os olhos em bico se visse isto. Ah, já me esquecia: a TCU ganhou 45 a 10. O que quer que isso signifique...
O jogo é uma grande seca, cheio de interrupções (até para a publicidade) mas a energia que se desprende a toda a volta é enorme. Os americanos são como crianças hiperactivas, não conseguem estar muito tempo num sítio (e neste caso foram três horas na frigideira...) sem ser permanentemente bombardeados de várias maneiras com apelativos diversos: comerciais no ecrân gigante do marcador, repetições de toda a maneira, ninfetas a fazer de cheerleaders, bandas a tocar em pleno jogo, um comentador a gritar ao altifalante, uma multidão de jogadores, managers, massagistas e sei lá que mais de ambos os lados do campo. Entram em campo para aí uns setenta jogadores de cada lado, embora só onze possam estar a jogar em cada momento. Enfim, um festim para os sentidos. E tudo começou com uma sessão de "tail gate". Ou seja, piqueniques. A malta chega no seu jeep ou camião avantajado, trepa para cima do relvado onde fica estacionado e antes de caminhar para o jogo (que só começa daí a um par de horas) abre a porta da bagajeira (a "tail gate"), reforça a sua sombra com uma tenda que é rapidamente montada, mais umas cadeirinhas, mais um barbecuezito (quem traz), mais uma geleira do tamanho do caixão do Drácula cheia de gelo, cervejas e águas, mais as porcarias de take away que se compraram algures antes de vir para aqui. E aí está, o piquenique, aka Tail Gate, que é indissociável de qualquer jogo de futebol por estas bandas.
Deviam despejar Ritalina na rede de água potável aqui dos EUA para esta malta voltar à terra...

2 comentários:

luis roldao disse...

já percebi pelas fotografias o que pode ser interesante nesse "jogo".

um comentário de quem está no aeroporto de viena há 8 horas à espera de voo para a roménia.

Eu disse...

Antes oito horas em Viena à espera de voar para a Roménia do que 8 em Bucareste à espera de voo dali para fora... God Speed, amigo. Quanto às coisas interessantes num jogo destes, de facto o que viste era deveras interessante, e mesmo à frente do nariz!