domingo, 27 de junho de 2010

O calçadão do Índico e o destino do pobre Phinda Thomo


Durban. Para mim foi a última escala na África do Sul em 1992. Felizmente, para a selecção de Portugal no Mundial 2010, foi apenas uma passagem a caminho dos oitavos de final. Go Navegantes!

A foto trouxe-me de volta as memórias já ténues dessa altura. O calor húmido do Índico substituindo a frescura das vinhas do Cabo. A pátria Zulu da província do Natal com carradas de orgulho bem negro substituindo a a relativa "branquitude" da Cidade do Cabo. Um hotel sobre a praia, com um nome Índiano e empregados de turbante, para mim um luxo asiático a que não estava habituado. Se nessa altura já conhecesse o Rio de Janeiro, ter-me-ia atrevido a comparar, não a cidade pela cidade (sem comparação) mas a praia pela praia, o Beach Front de Durban com Copacabana, ambas dotadas de quilómetros de areal bordejado pelo calçadão. Valendo-me do Google Maps de hoje e comparando com o que vejo nas fotos que tirei da janela do meu quarto, depreendo que o meu hotel estava sobre a praia ali nas imediações de Snells Parade. O hotel terá eventualmente sido demolido ou mudado de nome, pois não encontro nenhum nessas imediações com nome hindu...
A história recente da África do Sul passa-me outra vez pela memória, desde o milagre do Madiba até ao lento desmoronar das promessas do ANC, cuja liderança tem deixado crescer de novo o medo e a incerteza relativamente ao futuro. Ao idolatrado Mandela sucede hoje o suspeito Zuma, polígamo encartado que dá cobertura a uma das personagens mais sinistras que ensombra a África do Sul de hoje: o louco Lulius Malema, líder da Juventude do ANC, que incita ao ódio racial através de cantigas com letras do género "kill the boer, kill the farmer". Devido à crispação provocada por Julius o assassinato do nazi Terre Blanch, antigo líder dos extremistas boers brancos que recentemente nada mas era que um bêbado sem eira nem beira, agitou o país muito mais do que deveria ter acontecido. E o Presidente? Zuma tem outras preocupações, por exemplo o facto de uma das suas mulheres lhe ter posto os palitos com um guarda-costas (de quem eventualmente engravidou). Já não bastava os 21 filhos de várias mulheres, agora está na iminência de sustentar outro que nem é dele... E lá terá que ser, pois o pai do rebento, coitado, "suicidou-se". Ou "suicidaram-no", como insinua o Vítor Serpa na sua crónica n'A Bola de 22 de Junho, onde esta história de palitos presidenciais foi contada. Sim, A Bola, ou vocês pensavam que a erudição do Asteróide vinha donde?!

É esta a África do Sul do Mundial de 2010: uma geração salva pelo Madiba está de forma invejosa a fazer o seu "melhor" para dar cabo da próxima... A ver vamos.

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