domingo, 16 de outubro de 2011

Glória Gomes

O lado obsessivo do Asteróide obriga-o a fazer uns flash-backs, neste caso de umas semanas para trás, para não deixar nenhuma escala dos seus périplos por assinalar. Daí não ser de estranhar a foto que vos apresento, que muitos de vós já terão reconhecido: Londres, a ser sobrevoada algures em Agosto. Por lá pernotei um par de noites, antes e depois da ida à Escócia vai para mais de mês e meio. A missão incluiu dois jantares com interlocutores diferentes, em anódinos hoteis de arredores da grande cidade. E é aqui que o título começa a fazer sentido: refere-se à empregada que me serviu num desses jantares. Estava eu a escolher o vinho quando ao pedir conselho à moça vejo o crachá com que se identificava na lapela: "Glória Gomes". Boa! Comecei imediatamente a dirigir-me à senhora em português, intrigado com um par de vinhos Tugas que surgiam no cardápio e dos quais nunca ouvira falar.

Mas fiquei a saber o mesmo. A Glória não só não sabia nada de vinhos portugueses, como não sabia falar português de todo! Nem ela nem muitas gerações anteriores da sua família, suponho... Sabem, é que a Glória era do Bangladesh e nem sabia porque é que tinha aquele nome. Já lhe tinham falado dos portugueses, mas provavelmente pensava tratar-se dos primos de Malaca...

Deste post poderão tirar-se conclusões profundas sobre o impacto que o nosso Portugal teve no mundo. Temos de facto uma história maravilhosa, uma saga que merece ser lembrada quando temos estes vislumbres do impacte global das nossas aventuras.  Devemos orgulharmo-nos. Mas depois da devida vénia e emoção, arregacemos as mangas, reconheçamos que a porra da história não nos ajuda a pagar o défice e centremo-nos no muito de mau que temos feito (ou que deixámos que nos fizessem). Devidamente cientes do nosso lado negro, pensemos mas é no que podemos fazer para reconquistar o controle de uma democracia tomada de assalto por caciques, esquerdas inúteis e direitas liberalóides, grupos de interesse corruptores, parasitas da partidocracia e um sistema judiciário inútil que nos arrasta para o buraco. Pensem para aí que eu vou fazer o mesmo...

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