domingo, 8 de março de 2009

Bye bye Olivais


Como o refrão do Asteróide diz, "é aos Olivais que gosto de voltar sempre que regresso a Portugal". Parece que tenho de substituir o "gosto de voltar" do filho pródigo pelo "gostaria de voltar " lacrimejante de quem se desliga do seu canto para assentar arraiais noutras paragens... Os meus Olivais... Onde ia comprar o benzovaque nas imediações do café do Gordo, com um olho no burro e outro no cigano para que não me gamassem os trocos. O das correrias a fugir dos Pimenta, dos namoricos pelas sombras do Vale do Silêncio, das futeboladas no Maracangalha e dos barcos piratas em que transformávamos os choupos. Das bombinhas vermelhas de tostão, e das verdadeiras bombas de um escudo com as quais fazíamos voar garrafas vazias de Camilo Alves... Do cão da amiga que morreu atropelado a cruzar a nossa rua. No tempo em que a fronteira proibida que dava para o mundo exterior era essa mesma rua. E que fazer quando um chuto desmiolado levava a bola para o outro lado da rua? Quem se atrevia a afrontar a Lei da colher de pau?! Os meus Olivais... Das correrias pelo Largo das Mamas, do acertar com um chuto nos postes de básquete ao pé dos correios para marcar três pontos, do rabo a arder com duas palmadas depois de um dia a brincar na rua a fazer orelhas moucas à voz que nos chamava lá da janela... Do Café do Tó dos amigos chegando nos dias soberbos de férias escolares. Do primeiro cigarro lá para baixo nos Viveiros e dos que se lhe seguiram às escondidas na cave do prédio. Das hortas e veredas transformadas em campos de batalha e de aventuras, agora para sempre cobertas pelo cimento do Shopping... Tempo de mudar!

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