sábado, 21 de janeiro de 2012

A nação que não me larga


Inaugurou-se o céu em 2012 com um pulo à Velha Albion esta semana . Foram três dias enterrado em Bolton. Um sítio esquecido pelo São Pedro, que parou um dia por aquelas bandas para urinar e esqueceu-se do pirilau por lá quando se veio embora. O sol não deve aparecer mais que três dias por ano naquelas paragens dos arredores de Manchester. Sorte a minha: um desses dias foi na segunda-feira, quando lá cheguei! Foi possível assim ver o sol, apesar de desmaiadito, a iluminar a Portugal Street que vos deixo na foto. Para além do nome e do sol por perto, mais nada da ruela ladeada de paredes de tijolo vitorianas faz lembrar a nossa casa. Mas é sempre reconfortante saber que Portugal está ao virar da esquina, principalmente quando estamos a bulir fechados a pouco mais de duzentos metros num sítio lúgubre, torres com paredes escuras e severas da antiga fábrica de algodão do século dezoito que se transformou em poiso esporádico deste tuga.

Talvez esta introdução tristonha a esta semana se deva ao estado de espírito político-económico. Logo na primeira órbita anual do Asteróide a nação, dorida e lamentosa, não deixou de se fazer ouvir. Começou logo à partida, cobrindo de nevoeiro a Portela e assim atrasando o voo para Manchester duas horas. Continuou ao saltar para a toponímia de Bolton, como quem diz "coitadinha de mim Lusitânia de Algarves e Indías, aqui tão isolada na selva de tijolo a tremer com dois graus abaixo de zero". E culminou já à vinda, quando berrou a partir da primeira página do Financial Times: "tou à rasca!". Ter a bandeira na capa de um jornal tão lido nos lounges dos aeroportos poderia ser motivo de orgulho. Mas infelizmente não anunciava a conquista do campeonato do mundo, nem que dobrámos primeiro o Cabo das Tormentas, nem que o Mourinho é bom e o Ronaldo ainda melhor. Não, o FT foi possuído momentaneamente pela minha nação para comunicar: "estou falida"!

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