domingo, 8 de maio de 2011

Minimalismo desportivo britânico

Na sexta-feira estava eu para variar em trânsito por London Heathrow, folheando um pasquim local (já nem me lembro qual era, e pela foto também não consigo ver). No pior aeroporto do mundo já nos sentimos inflamados o suficiente com a pouco britânica ausência de fleuma, sentido de humor ou qualquer vislumbre de cérebros pós-neolíticos na seita que toma conta daquela xafarica. Pelo que não precisava de mais uma demonstração de surpreendente (ou não...) chauvinismo britânico. Vejamos. Na sexta-feira de manhã dois clubes portugueses tinham acabado de chegar à final da Liga Europa de futebol, a ex-Taça UEFA, na noite anterior. Não é igual à final da Liga dos Campeões mas neste tempo de troikas em que se avizinham tempos desgraçados no Luso cantinho uma notícia destas ajuda a levantar a moral dos Zés como eu. Portanto lá estava eu, a folhear freneticamente um pasquim britânico no pior aeroporto do mundo, sequioso de beber as palavras de louvor e reverente admiração dos nossos mais antigos aliados, a propósito de mais uma façanha Lusa. A minha figura era a do Tuga chapado: nem sempre dizemos bem de nós proprios, mas invade-nos uma alegria canina quando qualquer estrangeiro diz bem de nós.
Vã esperança esperar tal coisa desta raça de gente. Para além de gerirem aeroportos, os pré-neolíticos britânicos aparentemente também tomaram conta da imprensa local... Não estão cá com coisas: ou um troglodita da mesma tribo está em prova até ao fim para ganhar, ou então fingem que nem existe. Apreciem em todo o seu esplendor a notícia do pasquim referindo-se à conquista lusa: uma microscópica menção na banda da página 59, sem fotos, com um total de vinte e seis palavras (26!). No Vietname a esta hora pelo menos uma página é dedicada à coisa, e nem foram eles que inventaram o futebol... Enfim. Também, o que se havia de esperar da malta que chafurda num aeroporto daqueles e apresenta um défice maior do que o nosso?

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