Horas atrás, ao olhar para esta estante de livros no Bush International Airport de Dallas, avancei mais um passinho nesta longa caminhada para o entendimento desta grande nação que é a Gringolândia, mais os seus pitorescos nativos. O título do post é extraído de um dos livros. O autor defende que o governo americano não devia pura e simplesmente existir. Segundo este patusco (que não é totalmente tolo, todavia...) o governo, qualquer que seja a sua cor, inventa razões para auto-justificar tal existência à conta do pobre cidadão americano coartado das suas liberdades mais básicas. Sendo estas, a saber (acho eu): montar a família numa carroça, zarpar para Oeste, cortar umas árvores, construir uma casa na pradaria e viver feliz para sempre com o seu gado por sustento e a sua bíblia como guia. Sem pagar impostos, claro. O que precisarem terão de comprar, e macacos os mordam se não farão por isso à conta do seu trabalho duro. Porque razão haviam de precisar do governo para lhes dar o que quer que seja???
domingo, 26 de setembro de 2010
Don't vote, it just encourage the bastards!
Nesta preciosa selecção literária só encontramos escribas alinhando por este diapasão: mais Governo implica menos Liberdade. E pronto. Serviço Nacional de Saúde? Brrr... Esta malta fica fora de si só de se falar nisso, eu próprio tenho ouvido uns texanos ultimamente que até espumam ao pensar que o governo lhes vai ao bolso com impostos para depois pagar o dentista ao pobre velhinho de Brooklin que não tem onde cair morto. Desde o manifesto dos "Tea Partier's" até às atoardas da Sarah Pallin, temos nesta estante uma bela colecção. Para quem andar distraído, a malta do Tea Party tem feito furor no seio do Partido Republicano: são a ala mais à direita, mais bíblica, mais reaccionária e que de certo modo também gostariam de ver o governo reduzido a uma repartição de finanças em Porto Rico e pouco mais. Para espanto de muitos, têm ganhado uma série de primárias e nas eleições que se aproximam para eleger trinta e sete membros para o Senado serão membros do Tea Party a representar o Partido Republicano em alguns Estados, a votos contra os Democratas. Que estão felizes porque acham que contra estes extremistas terão mais chances de ganhar. A ver vamos... Quanto à Sarah Palin, que de acordo com a própria é a única gaja na política com "cojones" (sic), talvez se lembrem da figura que fez nas primárias para as últimas presidenciais: uma verdadeira caricatura com mamas...
A lição que extraí deste didáctico momento foi que ser de esquerda ou direita na Gringolândia não tem nada a ver com os conceitos com o mesmo nome na Europa. Vários personagens sinistros do século pretérito, desde o Hitler ao Salazar passando por Mussolini, estigmatizaram e marcam ainda a direita com uma mancha que, por contraste, elevou a "esquerda" ao institivo posicionamente de "bons da fita". Claro que com a queda do Leste comunista as coisas mudaram, e muitos não terão a mesma terna recordação dos chaimites que eu tenho (ver post anterior), mas mesmo assim a esquerda continua a ter o apelo da "liberdade". Na Gringolândia é um pouco o contrário: a esquerda Democrata simboliza para muitos "mais governo", o que significa "menos liberdade" (a tal da bíblia na pradaria, conforme definida mais acima). E a direita Republicana significa "menos governo", e portanto "mais liberdade".
E que podemos nós extrair desta constatação? Não faço ideia, eu cá estou de volta a Londres, depois de um voo de nove horas desde Dallas e prestes a embarcar rumo a Singapura para mais treze horas no ar. Ou seja, não me peçam tiradas intelectuais quando me encontro no limbo, o meu corpo titubeante a tentar decidir se o que acabei de comer aqui no Lounge da BA foi pequeno almoço, almoço ou jantar... A única coisa que me estimula neste momento é que vou voar na Qantas, o que significa que vou ter oportunidade de estrear o novo super-jumbo Airbus A380 "double-decker"! Depois conto.
@ 26.9.10 Etiquetas: Estados Unidos
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